Ruas Cheias de Pandemia
Caminhando pelas ruas vazias, cheias de pandemia, tropecei no nada e me estatelei na calçada; do nada também, me aparecem uma moça e um rapaz vindos de lados opostos.
- você se machucou, quer que eu ajude a levantar? Assustada, envergonhada, fui levantando, olhando para o rapaz que ia chegando, e dizia: não, não, não não, não. À moça, que já havia chegado, não me machuquei, ao rapaz, nem se aproxime. Ela, solícita, enquanto eu ia levantando, já pegou minha bolsa, meus óculos, eu agradecendo sinceramente.
Ela, - não se machucou mesmo?!
- Não.
- Ah, isso acontece. Eu caio tanto! Já perdi as contas de quantas vezes já caí. Eu até já rolei na escada do metro.
Enquanto ela falava, muitas coisas passavam pela minha cabeça: alguém rolando na escada do metro... será que machucou... eu, quantas vezes caí... não muitas, não me lembrava... maldito tênis... de salto não acontecem esses acidentes...
De repente ela me olha e aí eu percebo no seu olhar de máscara um quê de desapontamento enquanto ela me diz:
- Que bom que você não se machucou. Parecia até que queria dizer: "que pena que você não se machucou". Rapidamente pensei em como testá-la, meio que querendo confirmar e quase não acreditando, disse:
- É, não me machuquei; o problema é que o joelho já está ferrado e agora bateu, complicou de vez. E ela com um ar de "ah, bom", ou "ah, que bom", sei lá, se despediu então, e se foi pela calçada. Seres humanos...