Relato de um dia (in)comum

Não sei em qual dia de quarentena me encontro, mas me sinto tão perdido e sem esperança como nunca. Passo o dia lendo, estudando e, em alguns intervalos, jogo algum game ou assisto a minhas séries. Ultimamente tenho perdido não só a noção de tempo, mas também a noção de dias, semanas e meses.

Em alguns momentos dos meus dias eu penso que nesse mês, no ano de 2021, eu já estaria formado, no entanto isso vai ser adiado por mais um tempo graças à pandemia nossa de cada dia. É triste, sei que esse relato é coletivo, sei que milhares ou milhões estão com sentimento de tristeza e de desistência, muitos que se encontram nesse estado no qual os dias são monótonos, estagnados e entediantes. É difícil estar preso sem estar, é difícil não poder ter direito absoluto de ir e vir. Nesse mesmo momento, eu fico a refletir sobre aqueles que tiveram sua liberdade privada ou restrita por alguma violação às leis ou afim. Não quero entrar no mérito de justiça, mas se eu, que possuo liberdade, sinto-me preso, que dirá o preso?

Hoje, acredito eu, tenha sido um dia atípico, na verdade um momento em específico me marcou, foi especial. Acordei-me bem tarde, era umas 11 da manhã, tomei o café e resolvi varrer a casa (fazia um tempo que não fazia isso, admito) ouvindo música no meu fone de ouvido. Nesse momento, eu fui feliz, a música era do Calvin Harris e o fone estava topado, eu não ouvia absolutamente nada daqueles que estavam falando ou reclamando de algo, eu apenas varria e a cada varrida eu me sentia livre. Varria sem perceber. Dançava sem perceber. Eu era livre e, parafraseando Nietszche, fui julgado insano por aqueles que não podiam ouvir a música. Sabe? Eu não estava me importando, naquele ingênuo momento eu sabia que ainda havia esperança.

Arietseb
Enviado por Arietseb em 23/07/2020
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