Os da rua
Cidadãos da rua
Um domingo – a noite começava, fazia luar, clima agradável. Passava eu em frente dum hotel.
Deparei-me com alguns moradores de rua, uns quatro. Eles, ali, perto do hotel. Na rua fizeram morada. É assim, dizem que até em Nova Iorque tem inquilinos de rua, de praças, viadutos, etc. e tal.
Ali, jogados ao relento. Entregues à própria sorte. Vejam, chegar a essa realidade, de ter de morar na rua, certamente é dura, duríssima.
Não conheço Nova Iorque. Lá, na imensa cidade, existem miseráveis também. Bem, já ouvi dizer que lá tem moradores de rua, mendigos. Negros, mestiços, latinos. Talvez até brasileiros.
Passei pelo local. Chovia fino. Na calçada, debaixo de uma marquise, eles – os mendigos.
Ali, perto do hotel, se arrumavam para dormir. Sem TV para assistir. Sem conforto, expostos ao perigo. Bem diferente dos hóspedes do hotel, estes com ar refrigerado, frigobar, TV, Internet, música, filmes.
É assim a vida, miséria muito próxima da ostentação, fartura. Coisa já normal, corriqueira. Não mais nos surpreende essa realidade. Não.
Pensei: Esses infelizes irão dormir, e os também os hóspedes.
Segui meu rumo, pensando naqueles párias, senti compaixão. Fui à missa e pedi a Deus olhar por eles. Numa noite de chuva fina. E frio.
Bem, cheguei em casa. Refleti e disse a mim mesmo: ----- Vi aqueles deserdados entregues às baratas, orei por eles. O certo é agir, fazer alguma coisa por eles, coisa concreta. Somente sentir piedade, dó, pena, é muito pouco. Bem pouco.