Étereo
Tempo, perdoe -me!
Há dois meses briguei com meu melhor amigo, e o que sucede-se posterior a isso é vexaminoso.
Se um está num lugar e o outro chega, não há cumprimentos! Pelo contrário, um finge a inexistência do outro.
Comportamo-nos puerilmente.
Ah, Tempo! Suplico-lhe... perdoe-nos por jogar o pouco tempo que nos resta fora.
Perdoe-nos por estarmos vivendo como se fôssemos eternos.
Tempo e céus, eu o amo fervorosamente, com cada átomo que me forma. Se porventura, numa esquina qualquer, numa casualidade, um tiro atravessar-me o ser, faça o vento soprar-lhe nos ouvidos: "foi o rosto dele que vi, quando de mim a vida saía".
Diga-lhe que o amei até o último suspiro. E que se depois desta vida houver coração, o meu estará com ele por todo o sempre.