Étereo

Tempo, perdoe -me!

Há dois meses briguei com meu melhor amigo, e o que sucede-se posterior a isso é vexaminoso.

Se um está num lugar e o outro chega, não há cumprimentos! Pelo contrário, um finge a inexistência do outro.

Comportamo-nos puerilmente.

Ah, Tempo! Suplico-lhe... perdoe-nos por jogar o pouco tempo que nos resta fora.

Perdoe-nos por estarmos vivendo como se fôssemos eternos.

Tempo e céus, eu o amo fervorosamente, com cada átomo que me forma. Se porventura, numa esquina qualquer, numa casualidade, um tiro atravessar-me o ser, faça o vento soprar-lhe nos ouvidos: "foi o rosto dele que vi, quando de mim a vida saía".

Diga-lhe que o amei até o último suspiro. E que se depois desta vida houver coração, o meu estará com ele por todo o sempre.

Pessoa Machado
Enviado por Pessoa Machado em 22/07/2020
Reeditado em 22/07/2020
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