DESFAZER PARA REFAZER
Prof. Antônio de Oliveira
Esse título não é atraente. Convenhamos. É que tenho pensado no emprego atual do verbo desconstruir. Aliás, emprego atual desde muito tempo... Só que agora o uso viralizou. Autor do “Discurso do Método”, Descartes tomou a dianteira nesse assunto e, em certa altura da vida, resolveu duvidar metodicamente de tudo. Desconstruir. Desfazer ou desmontar para voltar a construir o universo do saber humano em suas humanas limitações. Adepto das demonstrações geométricas, Descartes afirma não ter duvidado por duvidar, como os céticos que duvidam “pourdouter”. Duvidar por duvidar...
Pensar em voz alta às vezes é necessário. Depois de certa idade e de amealhar uma pouca de experiência, a gente passa a desconfiar, com ou sem razão, de muitas coisas que nos ensinaram. Faz parte do processo. E é bom que assim seja. Bacana. Preferiria as certezas.São mais confortáveis. Mas, como as pessoas, certezas, como astemos e vemos, também envelhecem...
Por outro lado, esse processo de desconstrução de conceitos é tão desafiante quão importante. São conhecimentos que transformam e se transformam e nos transmudam. Detemo-nos, finalmente, diante da existência do próprio pensamento. Caindo na real. Somos humanos. Incrível essa descoberta ou redescoberta. Processo de adaptação.É realmente um processo. Quanto ao critério, a evidência. Eis donde parte René Descartes para desconstruir e reconstruir a filosofia, no caso, cartesianamente. A vida é dinâmica, dinâmico deve ser também o pensar.Que tal repensar o mundo em novas bases, cessada a pandemia? Aliás, ir repensando já...
Com relação às fontes, hoje estão na internet. É verdade que as fontes não são todas confiáveis. Há quem pesquise sites "sérios" pelo critério tempo de atuação. Como estamos falando em filósofo francês, eu amo esta frase, de inspiração vital: “Jeprendslebienoùjeletrouve”. Eu adiro ao bem lá onde eu o encontro. Esteja onde estiver. Venha de onde vier. De qualquer endereço...