O que é o amor
Li um texto, de um amigo muito chegado, aqui do RL, Aluízio Amorim, e senti vontade de escrever este texto. Quem quiser visitá-lo, tome cuidado, pois tornar-se-á cativo de sua inteligência e brilhantismo. Pois bem, vendo o poeta dissertar e dissecar o amor em sua plenitude, com tanta paixão e magnitude, cheguei a conclusão, que nunca amei daquela forma, intensa.
Claro, que o amor pelos filhos, é o amor ágape, logo, fora da questão. Refiro-me ao amor da junção de dois seres, completamente apaixonados, enamorados, que juram uma união eterna. Já tive um amor adolescente, que chorei e até sofri, mas nada que o tempo não tenha cumprido o seu papel.
E quando casei, fui aprendendo a amar novamente. E vi que era o homem da minha vida. Com base nesta experiência, senti um amor ainda mais forte, maduro e verdadeiro. Aprendi, que a minha capacidade de amar era eterna, que o amor muda de direção e o vento sopra a favor. Não vou discorrer agora, o lapso temporal das vírgulas, parênteses, travessões, aspas e reticências da relação.
O que está em voga é o sentimento único. Mas o amor não é tudo, tem outras prioridades e escolhas, só o amor, não basta. A viabilidade da relação vai além de um mimo do coração, que é importante, contudo, não faz milagres. É muito mais que dois corpos envoltos em lençóis; mais que os beijos; mais que as carícias; mais que o olhar pidão; mais que o gozo do prazer.
Seria bom e faria muito bem, ficar nesse estado químico para sempre. Funciona perfeitamente para os amantes, pois não requer um afilamento do contato, é esporádico; não dá tempo para conhecer o outro e suas manias, só as fantasias. O amor macro é lindo, poético e palatável. Quando juntamos as cuecas e calcinhas, samba canção e calçola, culturas e gostos, é que o amor escorrega. Luz, água, telefone, internet, comida, despesas médicas, impostos e taxas, cobranças e boletos, falta de dinheiro, são pilares de uma vida em família.
É quando o amor vira Carioca, boêmio; se faz de baiano, festeiro; quer mesmo ser mineirinho, quietinho. Eu conheço o amor do dia a dia, que não se impressiona, não vê perfeição, não respira poesia, e vive se desencontrando. O amor que conheço tem inúmeros defeitos, não está no leito, e tenho vontade de mandar à merda.
É muita responsabilidade, encheção de saco; às vezes, não é engraçado, nem parceiro; mas construímos tantas coisas juntos, já tivemos nossos momentos de glória e qualidade. Não posso dizer que amo alguém, que nunca viu o meu amanhecer, nem anoiteceu comigo. Para mim, o amor é construído dentro da relação, não fora dela.
P.S.: Não é uma crítica ao amor, mas o amor que conheci.