TeXtículo (5) - O sentido das coisas

Coisas são fatos? ‘Fatos não existem’, já dizia Nietzsche. Tudo que sabemos não passaria de uma interpretação.

No campo dos estudos da subjetividade o conhecimento é uma aproximação do real, a que damos o nome de realidade.

Coisa e coisar tornaram-se, para muitos, substituição necessária para a ‘preguiça intelectual’ de articular os termos precisos e adequados. Uma boa questão para provocar outras questões.

Ao longo do tempo, de tanto usar a necessidade, ‘coisar’ virou verbo de primeira necessidade e ‘coisa’ substitui qualquer coisa. Que coisa!

Mas... o que eu queria ver mesmo?

Há sim, os sentidos das coisas.

As ‘coisas’ têm sentidos. Olha a coisa de novo. Os fatos, os eventos, os acontecimentos, os contextos, as realidades, uma vez humanizados (uma vez sendo o que são, já são humanizados, não?), recebem um primeiro sentido.

Assim, qualquer situação, penso eu, depois de assimilada, acomodada e equilibrada (Piaget) carrega um sentido inicial. Que pode ser consciente ou inconsciente, explícito ou implícito, conhecido ou desconhecido. Correto ou equivocado.

Os sentidos das coisas, portanto, são atribuídas pelas pessoas. O sentido de algo não está no objeto. É subjetivo. Só o ser sente. Quando sente é sujeito. Nesta relação, objeto não sente. De qualquer forma é a relação que mantemos com a outridade.

Em geral, sentidos têm relação com objetos. Porém, os objetos podem ser falsos. É o caso quando se pensa que se está certo sobre algo, direção ou pensamento e posteriormente se descobre a teimosa defesa do erro ou inadequação. Os sentidos nos enganam. Ou podem nos enganar.

Portanto, quando alguém descreve ou mesmo apenas interpreta um fato, já ‘humanizado’, está atribuindo sentido a sentidos já existentes.

Neste sentido, o sentido é sempre um sentido que parte de outro sentido. Complicado? Talvez mais confuso do que isso.

Enfim...