O poder da imagem
Quem me conhece sabe... Nunca fui (e ainda acredito que nunca serei) fã de redes sociais. Há cinco anos fiz uma crônica versando sobre o dia em que fui "obrigada" a criar uma conta no facebook. Resisti muito. Conscientemente sabia que, ao ceder uma vez, provavelmente cairia num terreno movediço. E foi o que aconteceu (calma, depois daquela, apenas o whatsapp, também obrigatoriamente, fez/faz parte da minha vida virtual). Embora não me torne uma dependente delas (redes), a maioria das pessoas que conheço tornou-se. Felizmente (ou infelizmente, a depender do seu ponto de vista, caro leitor) não sou tão adepta a esses meios. Prefiro e até sinto necessidade de conversar olhando para meu interlocutor, o tocando, gesticulando, me expressando e vendo-o se expressar com as possíveis caras e bocas que fazemos muito bem durante nossos diálogos. É. Acredito, e inclusive várias pessoas já estudaram e estudam sobre, a conversa ("bate papo") numa rede social fica muito propícia ao desentendimento. Pense bem... quantas vezes não falamos algo e a pessoa do outro lado não compreende adequadamente e vice-versa? A ausência de uma pontuação certa na hora certa faz isso conosco: nos deixa a ver navios. Uma discussão pode acontecer em decorrência de uma palavra, frase ou emoji que não foi empregado. Já aconteceu muito comigo. Sei que as redes sociais de forma geral nos ajuda em demasia a participar mais da vida do outro; a interagir mais mesmo a quilômetros de distância; a divulgar uma marca, produto ou empresa... Mas entendo também que ela pode nos hipnotizar, fantasiar demais as coisas e vidas alheias, desvalorizar outras, tornarmo-nos insensíveis (apesar que nesse aspecto a história já nos provou).
Estou exausta, saturada de ver postagens só de flores, como se tudo e todos tivessem de fato uma vida assim. Não confundam que defendo, com esse discurso, que as pessoas devam postar os espinhos também - não é necessariamente este o ponto. Todos nós passamos por aperriações diárias, medos, angústias, sucessos, conquistas e perdas e com isso crescemos. Mas tantas pessoas vivem uma vida de angústia e amargura, não têm amor- próprio (por não perceberem sentido na vida), são depressivas ao extremo, tem pensamento suicida até... mas ninguém conhece essa pessoa, ela mesma finge que não é com ela - suas postagens são invejáveis, todos queriam uma vida como a dela, quer dizer, uma vida como a que ela posta e não a que ela vive. Compreendem? É muito bom nós preenchermos nossa vida com coisas nas quais gostamos e nos realizamos ao fazê-las, no entanto, veja se realmente aquilo que posto é importante e possui verdadeiro sentido para mim. Só lembrando: aquilo que posto em minhas redes e vocês veem, curtem e até compartilham é um retrato meu, do que sou, do que defendo, do que penso ser importante para a minha vida e a sua. Indubitavelmente, minhas postagens devem ser dotadas de muito, muito cuidado e responsabilidade, pois não se direcionam exclusivamente e tão somente para mim.
Abraço!