CIDADES INVISÍVEIS
Esta crônica não se refere, rigorosamente, aos textos de Ítalo Calvino ou a seu inspirador, Marco Polo.
As cidades transformaram-se em espaços meio inertes. As praças viraram áreas mais para o angustiante do que para acolhedor. Elas estão sitiadas. Muitas estão cercadas de grades, quase eletrizadas. Os bancos, outrora ladeados de belas zínias e begônias para proporcionar mais encanto aos casais de namorados, às crianças brincantes e aos idosos, encontram-se macambúzias, mal cuidadas.
Esses espaços estão isolados do resto da cidade, das ruas barulhentas de buzinas, de automóveis, pipoqueiros, fanfarrões. A cidade emudeceu.
As praças, as alamedas se tornaram labirintos que não pertencem mais aos cidadãos. Com o pretexto da expansão do vírus as pessoas são enxotadas dos espaços públicos, forçados a se estreitarem em casa, apenas a olhar à distância o espaço que pertencia a todos.
Castro Alves, que um dia proclamou: “a praça é do povo”... morreria de tédio se ainda vivesse.