Isaura
Em um dia lindo, ela, a geminiana geniosa, personalidade de Gibraltar, coração de chocolate, veio ao mundo. Cresceu no lar evangélico, foram dezesseis anos de alienação, mas Deus não se explica, a religião é que não combinava com o espírito dela, indomável.
Alforriada por natureza, de frágil, só tinha o corpo franzino. Amante das flores, dos ventos, dos cavalos e borboletas. Sangue vermelho, nada real; Cinderela dos contos de fábulas, conheceu os sapos, e o príncipe ficou lá, nos contos.
Intrigada com o comportamento social, e a vulnerabilidade dos invisíveis, viu-se apaixonada pela sociologia, filosofia e antropologia. Colecionou Platão, Sócrates, Montesquieu, Nietzeche, Voltaire, Foucault, Leonardo Boff, Maquiavel, Sun Tzu, Bauman, e a estante está cheia.
Atribui a eles, o fato de desenvolver um encadeamento lógico e um olhar epistemológico dos fatos. Complexa até a alma, e não sabe falar sem complicar. Quem manda ser amante de pensadores malucos! Uma confusão dos diabos!
Ensinamento religioso, ciência e senso comum; um choque de conformidade. Quis entender o Brasil, e os livros negaram-lhes o direito; mas o dia a dia é um retrato falado. Extrema dificuldade de abrir a boca, liberar sentimentos, descrever o amor e dissertar sorrisos. Ela aprendeu a amar, não a falar; pobre Isaura!