DOMINGO DE TÊNIS NO PARQUE

De segunda a sexta-feira, 2 quadras de tênis do parque Villa-Lobos ficam reservadas para os aprendizes do projeto Bola Dentro. Durante o torneio aberto de tênis de São Paulo são usadas pelos profissionais para treino. No fim de semana estão à disposição dos tenistas que lá comparecem e nelas acontecem mais jogos de duplas. As partidas de simples são jogadas nas outras 5 quadras de piso asfáltico rápidas existentes.

Em um domingo de sol, por volta de 15h, uma partida de bom nível técnico estava sendo jogada. Um dos duplistas, Ricardo, professor de tênis, formava parceria com outro jogador que gostava de ficar radiando as jogadas. Na outra dupla, um rapaz que jogava muito bem, devia ser 1ª classe, com todos os golpes do tênis, bola rápida e pesada, jogadas variadas, formando dupla com outro tenista de uniforme branco e azul.

Fiquei assistindo à partida ao lado do Léo, a quem conhecia de outras quadras. Abriram 4x1. Sentados no banco da quadra, comecei a conversar com o Léo e ele parecia emocionado. Várias pessoas que passeavam pelas alamedas do parque paravam para ver a partida, que era muito bem disputada, bastantes ralis e pancadaria na bola por parte do referido rapaz.

Comentei com o Léo que o rapaz era muito bom. O Léo, ainda com o rosto emocionado e a voz embargada, dizia que conhecia o rapaz havia muito tempo, desde que era pequeno e ele estava meio fora de forma, revelando então que aquele excelente jogador era seu filho. Contou que o colocou para jogar com 7 anos de idade, fazendo aula com uma turma boa e um bom professor 1ª classe federado e depois, a partir dos 11 anos, o garoto jogava todos os dias no Ipê. Realmente jogava muito bem e era bem educado também.

Contudo, o parceiro do professor, aquele que ficava radiando a partida, falava o tempo todo, Quando parceiro errava ele reclamava, ficava mandando o professor colar na rede e dizia que era duplista, falava com a torcida, fazia seu showzinho. Mas ele sabia jogar e o Ricardo também, de modo que acabaram ganhando a partida de virada, por 7x5, para tristeza do Léo.

O falador não é má pessoa, somente tem aquele jeito chato. Além do que jogo de tênis tem a parte física, técnica, mental, e não é falado. Depois da partida foi cumprimentar o Léo dizendo: “Seu filho joga muito, aposto que fiz o senhor relembrar tempos em que o levava para torneios, não é mesmo... e ria e brincava.

Entrei para formar dupla com o filho do Léo. O falador começou perguntando nossos nomes, algumas de suas frases: “É nome de imperador romano.”, “Tem medo de tomar bolada Ricardo?..”, “Fica aqui..., vai pra rede..., sai do mata-burro”, discutia com o professor, colava na rede, “na rede eu jogo muito...”, Tênis não é jogo para covarde, nem pra preguiçoso..., Vinícius você está pegando bolas incríveis, joga muito..”. Ganhamos o 1º set e eles o 2º.

Domingos depois, voltei ao parque e na mesma quadra a mesma dupla. Ricardo e Jair. É esse o nome do radiador e ele continuava o mesmo para não dizer pior, pois agora estava garfando, isto é, dando bola boa como fora e vice-versa e dizendo que era verdade e reclamando e falando muito. Houve uma deixadinha e eu cheguei bem rápido batendo de direita na bola, ele estava próximo à rede e se mexendo, a bolada acertou-lhe o olho, digo, tórax. Ele viu que não tive intenção. Pedi desculpas. Terminado o jogo ele falou que ia pra igreja, deve ser pastor.

Marcos Pessoa
Enviado por Marcos Pessoa em 15/07/2020
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