A VIDA É FEITA DE CICLOS

Não tive a oportunidade de contar a vocês, mas na semana passada tive umas sensações esquisitas. Não sei dizer se é por causa desse isolamento – somos os animais no zoológico, com um pouquinho mais de distrações : a gente consegue ler, escutar música, abrir uma garrafa de vinho e ainda inventar maneiras de driblar o tédio. Nós somos tão mimados, não suportamos sentir dor. Uma dorzinha de cabeça e toma cá um remédio, uma colicazinha, toma cá outro remédio. Ufa, passou...

Somos de carne e osso. Choramos, na mesma proporção que sorrimos. E temos essa capacidade de ir lá no fundo do poço, sentar, chorar, morrer e voltar. Não somos heróis, somos feitos na medida em que nos permitimos ser. As vezes exaustos, o cansaço é tão desmedido quanto o amor. Dói tanto quanto o amor. A nossa mente é um turbilhão de indagações e por muitas vezes vamos acordar angustiados com o dinheiro que diminuiu, mas nossos compromissos baterão na porta da mesma maneira. Na boa, esquece esses livros torturantes das obrigatoriedades de uma vida perfeita que fogem totalmente do que vivemos hoje, bora aceitar que dói menos.

A gente ainda vai trabalhar das 9 às 13h, abrir uma cerveja e assistir um filme. E também maratonar a série preferida. Também vamos comer muitos docinhos, quilos a mais e uns trezentos fios brancos na cabeça até o fim dessa pandemia. Eu juro que cada poro meu vai precisar me abraçar na certeza que eu sou humana e terei momentos felizes e ruins, como o céu que tem os seus dias ensolarados e chuvosos. Mas um dia a tempestade vai passar, não é mesmo? Talvez uma semaninha muito chuvosa. Nada dura para sempre não... Já pensou naquele fim de relacionamento que você achava que iria morrer de tanto chorar? A dor era tão insuportável que você era incapaz de se levantar da cama - Pois bem, essa dor também passou.

Então, gente, faça o que dá para ser feito. Vamos nos permitir sentir dor, sorrir, olhar para dentro...E se o melhor naquele dia for um balde de pipoca com vinho, foda-se a dieta que você não conseguiu seguir. Se a gente ainda tem sanidade para continuar trabalhando, ligando para os nossos amigos, pais, po, tá de bom tamanho. Existe muita dor no ar. Então que a gente saiba abraçar o nosso caos também. Um dia ainda vamos olhar para tudo isso e nos lembrar que tudo foi super valido. SOBREVIVEMOS!