NÃO É SOBRE FEMINISMO, É APENAS SOBRE ESCREVER
Vou projetar o que seria o meu cenário perfeito... Um caldeirão de porções, aromas de várias épocas.
Começo com um vestido rodado até os joelhos, com grandes bolsos (grandes mesmo), prossigo com matérias de jornais tratando sobre a razão e o escândalo que seria ter mulheres escritoras, e finalizo com uma vasta área verde e uma árvore bem esquisita que ninguém aprecia – o lugar perfeito para sentar-me sozinha.
Não tão sozinha, uma vez que a minha mente equivale a um pouco mais de uma dúzia de crianças fantasiando.
Aí vem o espetáculo...
Ali sentada, o segredo dos meus grandes bolsos é discretamente exposto: meu moleskine e minha pena de escrever.
Minhas poesias, crônicas, romances e análises sociopolíticas seriam tecidas e me fariam querer eternizar aquela cena.
A natureza, a solidão, o moleskine, a pena e eu – um quadro que ninguém compraria – o que o faz perfeito para mim.