Eliana - parte 1
Eliana acertou.
Acertou tudo. Escolheu o caminho certo na vida. Foi pragmática, focada, almejou à carreira. Disse não a muitos namoros, amores e incertezas.
Agora, aos 30 anos de idade, percebe que não percebeu. Que tudo passou muito rápido. Tenta contar os carnavais, as viagens, mas apesar de não ter negado sua alma a nada que o dinheiro pudesse pagar, não se sente descansada. Existe um desconforto. Algo em sua alma que ela não ouviu.
Mas ela acertou. O que mais ela poderia querer? O que tem mais para ser conquistado?
Será que a vida é a arte de conquistar?
Eliana por ser focada em seus objetivos, não costumava ouvir muito o que ela sentia, e nem gostava de sentir na verdade. Assim que se sentia mal buscava a maior distração para que não entrasse em contato com aquele enorme breu que era a angústia existencial.
Mas um dia a conta chega.
Um dia Eliana sonhou estar em um lugar branquíssimo, limpo, mas tão limpo que sua vista se incomodava. Não conseguia perceber nada do lugar pois o branco a cegava, no entanto, ouviu uma voz ao longe que não reconheceu e de repente havia 2 portas na sua frente.
- Há dois caminhos, a porta número 1 é o que você gostaria de ver e a porta número 2 é a verdade que você se nega a ver.
Eliana hesitou pois, como assim ela se nega a ver a verdade? Onde que ela um dia foi menos que racional e buscou menos do que os fatos?
Pois bem, se este alguém acha que não dou conta da verdade é porque não me conhece, e assim, puxou com toda força a porta número 2.
Quando entrou Eliana não conteve o desespero, a angústia e tudo o mais que não sabia que poderia sentir ao mesmo tempo.
Foi aí que acordou.