VAI PRECISAR MAIS QUE UM ARREDÃOZINHO
Enfrentar a quarentena é sempre muito cruel. O povo hoje não tem condição de passar quarenta no dia no deserto.
Muitos acham que é melhor arriscar pegar logo o tal coronavírus que ficar em casa. Seria sua casa um local árido em alguma coisa?
Penso que sim. As casas quando não são lares, são de fato desertos. Não temos como negar isso.
Sei que quem mora só vai dizer que sua casa é um deserto pelo fato de não ter uma companhia. Mas quem disse que ser solitário é sinônimo de ficar sozinho? Há solitários no meio da multidão e há solitário entre membros da família.
Mas como Jesus no deserto, sentido literal ou figurado, não importa aqui, enfrentou a tentação. Está lá no Livro Sagrado. As tentações por Ele enfrentadas giram em torno do ter, ser e poder.
No fundo esses três verbos são as arapucas para o homem. Quem não quer ter? Quem não quer ser algo na vida? Quem não quer poder?
Jesus não quis. Ele tinha tudo. Ele Criador do mundo e todo criador já é dono da sua criatura. Se bem da verdade no mundo capitalista não é bem assim. E lá vou eu enfiando Marx no meio da conversa.
O que podemos ter na quarentena além de home office que aumenta consideravelmente o nosso trabalho? Podemos ter a geladeira. Em geral se come muito na quarentena. Talvez alguns vão precisar de um pedreiro para alargar a porta quando precisar voltar para o trabalho. Não só de pão vive o homem. Também isso está lá no Livro Sagrado.
Aquela promessa que iríamos emagrecer esse ano está indo por água abaixo. Aliás, a gente come tanto que esquece até de tomar água. E nesse inverno a água precisa ser tomada. Mas tudo junto com ela vai por água abaixo, pois, urinamos mais.
O que podemos ser na quarentena além de pessoas medrosas ou teimosas? Sim, a quarentena está separando a humanidade entre medrosos e teimosos. Há um meio termo aí, os cautelosos, mas esses são poucos. Eles desaparecem na margem de erro.
Os hipocondríacos estão amando esse assunto de todo dia em todos os canais. É coronavírus aqui, é coronovírus acolá. Em seus medos não colocam nem o nariz para fora da porta se não precisar. Já os teimosos não suportam arriscar sempre achando que o pior nunca acontece com eles. O certo nesse caso é ser coluna do meio. Saber balancear medo como teimosia. Acertar a hora certa de sair e a hora certa de ficar. Aonde ir e aonde não ir.
Que poder temos na quarentena além de dizer em qual cômodo da casa ficar em cada parte do dia? Às vezes nem isso. Se na casa tiver mais de meia pessoa, haverá disputa por espaço. Sabe aquele negócio de dois ou mais precisar ir ao banheiro na mesma hora e só ter um banheiro na casa? Ou mesmo se tiver mais onde fazer o número um, número dois (e o número três), sermpe tem aquele mais chique, com mais torneirinhas para lavar isso ou aquilo, entende? E todo mundo quer ir nele. Mas isso não é solidão. Um lar tem dessas coisas. Uma família é essencialmente política. Precisa saber contornar situações. Cada um é prefeito da sua casa, além de legislador e juiz.
Então não sabemos qual o melhor lugar para passar a quarentena. No deserto ou dentro de casa.
Eu acho que o deserto tem algumas vantagens. Gafanhotos não engordam tanto quanto bolos e lasanhas. Na ausência de outras pessoas fica fácil urinar. Depois em vez da descarga é só arredar um montinho de areia ou deixar evaporar. Agora se for o número dois, dependendo da quantidade da massa, vai ser preciso mais que um arredãozinho de areia. Talvez precisemos das mãos. (Quanto ao número três eu não vou falar nada, eu não sei se tem criança lendo).
Mas qual a diferença entre o satanás no deserto para o satanás de dentro de casa? Eu não sei. Talvez o satanás dentro de casa seja essa forma de pensarmos a vida. Ter uma casa bem mobiliada, carros possantes na garagem para ser invejado e poder ostentar pelas ruas, que deveriam estar vazias.
Agora quanto à temperatura. No deserto, durante a noite, é tão frio quanto esse inverno que nos assola no hemisfério sul em julho.
Muitos acham que é melhor arriscar pegar logo o tal coronavírus que ficar em casa. Seria sua casa um local árido em alguma coisa?
Penso que sim. As casas quando não são lares, são de fato desertos. Não temos como negar isso.
Sei que quem mora só vai dizer que sua casa é um deserto pelo fato de não ter uma companhia. Mas quem disse que ser solitário é sinônimo de ficar sozinho? Há solitários no meio da multidão e há solitário entre membros da família.
Mas como Jesus no deserto, sentido literal ou figurado, não importa aqui, enfrentou a tentação. Está lá no Livro Sagrado. As tentações por Ele enfrentadas giram em torno do ter, ser e poder.
No fundo esses três verbos são as arapucas para o homem. Quem não quer ter? Quem não quer ser algo na vida? Quem não quer poder?
Jesus não quis. Ele tinha tudo. Ele Criador do mundo e todo criador já é dono da sua criatura. Se bem da verdade no mundo capitalista não é bem assim. E lá vou eu enfiando Marx no meio da conversa.
O que podemos ter na quarentena além de home office que aumenta consideravelmente o nosso trabalho? Podemos ter a geladeira. Em geral se come muito na quarentena. Talvez alguns vão precisar de um pedreiro para alargar a porta quando precisar voltar para o trabalho. Não só de pão vive o homem. Também isso está lá no Livro Sagrado.
Aquela promessa que iríamos emagrecer esse ano está indo por água abaixo. Aliás, a gente come tanto que esquece até de tomar água. E nesse inverno a água precisa ser tomada. Mas tudo junto com ela vai por água abaixo, pois, urinamos mais.
O que podemos ser na quarentena além de pessoas medrosas ou teimosas? Sim, a quarentena está separando a humanidade entre medrosos e teimosos. Há um meio termo aí, os cautelosos, mas esses são poucos. Eles desaparecem na margem de erro.
Os hipocondríacos estão amando esse assunto de todo dia em todos os canais. É coronavírus aqui, é coronovírus acolá. Em seus medos não colocam nem o nariz para fora da porta se não precisar. Já os teimosos não suportam arriscar sempre achando que o pior nunca acontece com eles. O certo nesse caso é ser coluna do meio. Saber balancear medo como teimosia. Acertar a hora certa de sair e a hora certa de ficar. Aonde ir e aonde não ir.
Que poder temos na quarentena além de dizer em qual cômodo da casa ficar em cada parte do dia? Às vezes nem isso. Se na casa tiver mais de meia pessoa, haverá disputa por espaço. Sabe aquele negócio de dois ou mais precisar ir ao banheiro na mesma hora e só ter um banheiro na casa? Ou mesmo se tiver mais onde fazer o número um, número dois (e o número três), sermpe tem aquele mais chique, com mais torneirinhas para lavar isso ou aquilo, entende? E todo mundo quer ir nele. Mas isso não é solidão. Um lar tem dessas coisas. Uma família é essencialmente política. Precisa saber contornar situações. Cada um é prefeito da sua casa, além de legislador e juiz.
Então não sabemos qual o melhor lugar para passar a quarentena. No deserto ou dentro de casa.
Eu acho que o deserto tem algumas vantagens. Gafanhotos não engordam tanto quanto bolos e lasanhas. Na ausência de outras pessoas fica fácil urinar. Depois em vez da descarga é só arredar um montinho de areia ou deixar evaporar. Agora se for o número dois, dependendo da quantidade da massa, vai ser preciso mais que um arredãozinho de areia. Talvez precisemos das mãos. (Quanto ao número três eu não vou falar nada, eu não sei se tem criança lendo).
Mas qual a diferença entre o satanás no deserto para o satanás de dentro de casa? Eu não sei. Talvez o satanás dentro de casa seja essa forma de pensarmos a vida. Ter uma casa bem mobiliada, carros possantes na garagem para ser invejado e poder ostentar pelas ruas, que deveriam estar vazias.
Agora quanto à temperatura. No deserto, durante a noite, é tão frio quanto esse inverno que nos assola no hemisfério sul em julho.