O DESTINO EXISTE?

Existe destino? Este era o assunto do dia na prosa dos amigos que diariamente, à tardinha, encontravam-se no boteco molhando as palavras com uma cachacinha. Uns defendiam que o destino existia, outros que não. Os argumentos pró e contra eram bastante curiosos. Em sustentação as suas “teses”, muitas estórias contavam. O senhor Leleu, que falava carregando as letras, principalmente o “r”, afirmava dizendo: “RRapaazz, o destino não existe". O senhor Carlos, por sua vez, dizia: “Leleu, o destino existe”. Após algum tempo de conversa, não tendo eles chegado a nenhuma conclusão a respeito, acrescido do horário foram-se retirando, despedindo-se e cada um tomou o rumo de seu lar.

No outro dia pela manhã, bem cedo, o senhor Leleu ouviu e viu um avião sobrevoando a cidade, era inverno, estava frio e garoava. Então disse a sua esposa: “O avião é do João, nosso amigo, está vindo de São José do Rio Preto, vou até o aeroporto para levá-lo até a sua fazenda". Leleu tão logo saiu de casa, passou no mesmo boteco da noite anterior para convidar algum amigo para lhe fazer companhia, lá estava o seu Cláudio tomando um cafezinho. Disse: “CRRAUDIO, vamos juntos pegar o João, o avião que está sobrevoando a cidade é o dele, daí o levamos até a fazenda". O seu Cláudio aceitou o convite e então dirigiram-se para o aeroporto.

Chegando ao aeroporto, ou campo de aviação como se diz no interior, Leleu estacionou seu veículo distante da pista, antes mesmo do portão de acesso, longe. O avião então começou a descer, Leleu e Claudio assistiam a tudo de dentro do veículo, não saíram, estava garoando. O avião foi pousando, descendo, descendo... até que as rodas tocaram a pista de chão batido, começou a correr sobre ela. Foi indo, indo, deslizando na pista molhada, a mesma foi chegando ao seu fim... e... até que Leleu em voz alta e rapidamente disse: “CCRRAUDIO, CORRRA, O AVIÃO VAI BATERR EM NÓS”. Cláudio, que naquela hora também já estava vendo o perigo, abriu rapidamente a porta do veículo e também soltou para fora. O avião veio... veio vindo, derrubou o portão de acesso a pista e continuou até bater de frente no carro de Leleu, o carro em que eles estavam. Leleu então respirou fundo e disse: “HUUMM! CRRRAUDIO FOI PORR POUCO, DESSA ESSCAPAMOS.” Graças a DEUS, ninguém se machucou, nem o piloto, os danos foram somente materiais. Após tudo isto, Leleu disse: “CCRRAUDIO NÃO ERA O JOÃO, O AVIÃO NÃO ERA O DELE”.

À noite, novamente os amigos se encontraram no boteco para o tradicional papo. Daí o seu Carlos que defendia que o destino existia, disse: “AMIGO LELEU, DEPOIS DESSE ACIDENTE COM O AVIÃO, VOCÊ AINDA ACHA QUE O DESTINO NÃO EXISTE?". Leleu de pronto respondeu: “AMIGO CCARRRLOS, NÃO A DE VÊ QUE ESTE TAL DE DESTINO EXISTE MESMO, AGORA ACRRREDITO”. Risos. E o destino existe mesmo ou não...?