Cedendo ao sentimento
O que fazer para ao tempo parar de ceder
É isso mesmo mesmo que você leu. Quero deixar de ser podre e de consumir seus produtos tóxicos. Quero deixar de ser bobo e não te ligar assim que eu acordo. Deveria prestar atenção para tantas outras coisas que deixei no caminho e estar mais atento para tudo o que destruir ao tentar construir o meio tempo que nos levou até aqui.
Vai custar o meu próprio sangue. Quem sabe se o derramarei no asfalto quente em grande tamanho ou se um vampiro me encontrará andando por aí sem dono. O que quero dizer é que agora não tem mais nada a ver com o que idealizei sobre você. Quero vomitar suas histórias e dar descarga em tudo o que senti, passei e em tudo o que me fez chegar onde cheguei.
Pode levar um bom tempo da minha vida. Pode causar um grande estrago na minha linha. Mas não vai ter problema, todo mal disfarçado de animal vai sangrar mais que o punho de qualquer boçal. Não usarei violência como uso paciência. Não deixarei nenhum bem e nenhuma herança, mas só irei entregar penitências e memórias perdidas ao deus que governa ninguém.
E no quarto verso de histórias, eu me entrego por entre a porta e me pego ouvindo o som das jibóias que de longe vem se arrastando e suas presas em mim jogando. Estou a poucas horas de ir embora, de me entregar em uma aventura e usufruir o melhor de qualquer forma. Mas até às horas chegarem, serão os dias que cobrirão a demora e o anseio quando chegar o momento partir e de ir embora.
Quando finalmente o tempo ceder, será atrás de você que ele irá correr. Nessa conquista que distancia o raiar de um novo dia para o festejar da noite, dos bares e das procuras que sozinhas se aprumam com a ventania que ao norte de qualquer país está a fazer estrago, a revirar e a tirar telhados. Quando finalmente você der de cara com os seus arrasos verá que foi bom o tempo que esteve ao meu lado.
E até que tudo isso aconteça, não existirá mais bem nenhum que me anteceda. Todo sentimento que brotar em você será um sinal que irá testemunhar a podridão que existe no seu ser. Não mais caminhos se abrirão, não mais destinos se fecharão. Tudo o que sobrar do tempo será predestinado a um novo recomeço que revira os dedos e que nos enxerga como enfermos. Se irá ceder ao meu enterro, só ouvindo o cantar de um mago a desabrochar todos os nossos receios.