Em nome da lei e da ordem
Na manhã límpida, da Amazônia tendo por ter testemunha os 400 anos de amor a Belém, em plena pandemia, no ventre acolhedor da sombra das Mangueiras, um grupo humilde de moradores de rua aglomerados, como nos tempos de mata, fazia um fogo para partilharem alimentos a causar comoção a qualquer mesa de um mero trabalhador. Quando inesperadamente desce a Presidente Vargas, rua central de Belém, cerca de oito policiais militares, sobre cavalos como se fossem guerreiros de tribos diferentes, como se fazem na realidade . A frente de suas atribuições estão o cuidar,proteger e servir sobretudo a lei, entretanto,essas lições viram letras mortas subordinadas sob o vício mórbido de uma altivez, de um poder... de tudo, menos a razão.
Tanto quanto a teoria, a prática é questionada, ações não condizem com a teoria forjando então, o que se tem, muitos chamam de abuso de poder.
Assim, eles chegaram para cumprir suas missões e deram ordens para os humildes debandarem, obedecendo ao decreto de não aglomeração. No entanto, aqueles empilhados de mal formados, espécie de refugo social, que transitam a margem das leis dos homens, por ignorância, por imposição social ou escolha se negaram a obedecer.
Ignorados pelos humildes os policiais sentiram -se ofendidos e começaram a reagir, com atos e palavras cuja origem, põe em dúvida o cuidar, o proteger, o amparar da lei e a ordem alfabetizada nos quartéis.
Não obedecidos como no manual e até agredidos por verbos daqueles considerados bárbaros, como animais aguerrido a ira, desfigurando a postura sensível e humana, que o militar urbano deve ter; este soldado desembainhou sua espada e mergulhado nitidamente no descontrole emocional da ira, insuflou a bandeira da agressão, que fora seguido rigidamente pelos outros daquele grupo montado. Que partiram pra cima dos humildes moradores de rua indefesos e tendo contra si preconceitos e argumentos sociais, de nada oferecer ao país a não ser despesas foram varias vezes alvejados nas costas pelos policiais que usavam sem piedade o lado de suas espadas para bater.
Em lágrimas uma mendiga, que estava nessa praça, revoltada e em furou reagiu ao ver seus amigos agredidos e foi rechaçada pelos policiais. E enquanto um mendigo tentava escapar sorrateiramente fora golpeado a ponto de ir ao chão.Naquele momento a violência era a lei e tão imponente cavaleiros cumpridores dessa lei, que eles acreditavam estarem mantendo a ordem.
Ao redor expectadores inertes e coagidos, calados reclamavam em silêncio, pensando algo como o por quê de tanta violência.Já que estávamos atravessando traumatismos com tantas dores de mortes, de desempregos e o aumento da miséria.
As vezes, a luz de tantos erros, corrupções de nossos políticos, de indicações ignorantes e de uma sociedade arcaica e hipocrita o sistema só pode favorecer aos insensatos.Pois que, ficou no ar daquele circo a pergunta: Se no local tivesse aglomerado os abençoados filho de outra classe social, será que aqueles policiais agiram com a mesma altivez, violência e invocariam com a voz de suas espadas obediência a lei e ordem?... Foi o comentário das pessoas, após aquele discurso imoral das nossas forças.
Na certeza da prática, a praça que disseram ser do povo, agonizando no abandono das cidades servio pra evidenciar que nem se quer, nos é dado o direito de questionar mirabolancias de quem emprega a lei pra impor a ordem. De forma, que vimos a Democracia latina escrever com ira e falta de controle, doravante conhecida, a liberdade imposta ao povo em seus versos e suas prosas. E me parece, que assim deve permanecer, pois as eleições vem a passos agudos e os mesmos menestréis hão de tocar suas conhecidas músicas, aliás nossas pobres músicas, para o povo hipnotizado de uma secular ignorância, os aclames de pé.E assim possamos todos continuar as nossas queixas nos bares, nos cantos das ruas, nos ônibus, nos empregos, quem ainda os tiver ou nos contornos anônimos dos papéis, enquanto se puder.