O MURO
O muro delimitava as áreas internas e externas daquele prédio escola, residência de alunos internos do educandário. Na interna, as crianças brincavam – era horário de recreio. Na externa, acontecia um desfile cívico – imaginavam as crianças! A imaginação se estribava nos sons de uma banda de música que aos seus ouvidos chegavam. Todos queriam ouvir e ver a banda passar, tocar! Não podiam: o alto muro impedia!
Junto à intransponível muralha havia uma imensa árvore. Alta e de espessura colossal, por isso mesmo ela desafiava a todos que, por ventura, tentassem a aventura de ir à sua copa. Nunca haviam conseguido lograr êxito os que tentaram chegar aos seus mais altos galhos. “É impossível – diziam todos!” Contentavam-se, todavia, em desfrutar da enorme sombra que ela lhes proporcionava.
Mas essa contenção de ímpetos não era unanimidade. Havia um menino que não se contentava em, tão somente, ouvir a banda – queria vê-la em desfile. E assim pensando, ele decidiu enfrentar o desafio maior: vencer a espessura e altura da desafiante árvore. Resoluto, disse aos seus amigos:
-Vou subir nessa árvore para ver a banda tocar e passar!
Os colegas riram da ousadia. Em coro, cantavam uma música na qual a improvisada letra dizia: “vai cair, vai cair!” E esse refrão, “vai cair”, era cantado de tal forma que evidenciava a sílaba “ir” do verbo cair. E ele era repetido assim: -“Vai cair, ir, ir! Vai cair ir, ir!”.
Sem se importar com o coro, o valente menino começou a sua difícil escalada. Atracou-se ao grosso tronco e lançou o corpo para frente. Bracinhos esticados, mãos estendidas buscando onde se agarrar. Sustentação não havia. O corpo desliza rumo ao solo levando ao chão o bravo menino. Ele não desiste, insiste. Nova tentativa fora sinônimo de queda nova. No chão passou a ser, por várias vezes, alvo das risadas dos amigos.
-Não falei que ele ia cair? Dissera um! Risadas todos deram! Todo mundo sabia que seria mais um tombo, na certa – afirmaram os outros! O “ninguém consegue subir nessa árvore” era voz corrente em meio à molecada.
O bravo menino, todavia não se mostrava derrotado! Ele precisava provar – não aos outros, mas a si mesmo – que seria capaz do feito. E assim pensando, ele, novamente, atracou-se ao tronco. Desta feita, com imensurável ímpeto. Suas mãozinhas, antes frágeis, eram agora tenazes de titânio. Suas unhas cravaram no madeiro. Seus bracinhos, agora, eram fórceps no processo de alcançar os objetivos propostos. Postados sob a frondosa árvore, os amigos o veem avançar lentamente. Milímetros, centímetros e metros para, finalmente, galgar as alturas do velho, imponente e, até então, invencível arvoredo.
Chega o menino às alturas. Os ferimentos, as dores causadas pelos arranhões e as contusões provocadas pelas quedas – nada disso incomodava ao menino! No seu jovem rosto, um jovial sorriso se estampava. As lágrimas de felicidade desciam ladeira abaixo. Era latente a sua alegria por ouvir e ver a banda que, parada a sua frente, animava a parada que desfilava pela avenida. E o desfile era lindo. Porta-estandarte, belíssimas balizas e fanfarras que tocavam, enquanto a banda descansava. As crianças com multicoloridos balões não se faziam de rogadas ao sorrirem enfeitando o festivo ambiente. E tudo isso era visto pelo valente menino que não se acovardou na busca da realização do seu sonho: ouvir e ver a banda tocar, a banda passar!
Rés ao chão, boquiabertos estavam os seus amiguinhos que – por temerem desafios – ficaram sob a sombra da frondosa árvore, somente torcendo pelo insucesso do bravo menino.
Há de se questionar: -Por quantas vezes – temendo derrotas – nunca damos o primeiro passo? Por quantas vezes – temendo desafios – não iniciamos uma maratona? Mesmo sabendo que, para iniciarmos uma caminhada, será sempre necessário darmos o primeiro passo – covardemente e por temermos desafios e derrotas – deixamos o primeiro passo para um distante amanhã, para o depois de amanhã, semana que vem... mês que vem... ano que vem?
O menino valente subiu na árvore. O valente menino realizou o seu sonho. Ele se machucou na tentativa, porém, venceu o desafio. Para aqueles que, sob a árvore ficaram torcendo por novas quedas para, das quedas rirem, restou a decepção dupla: a de não sorrirem e a de não terem vislumbrado o mavioso espetáculo visto pelo valente menino.
-Venham – dissera o menino – eu os ajudarei na subida! É fácil, tentem – insistira o menino!
Temerosos, contudo, nenhum dos garotos quis – ninguém tentou!
O menino nos coloca em posição de reflexão: Por mais amplo que possa ser o nosso anglo de visão, ele sempre se fixará em uma linha do horizonte. E esse limite deve ser vencido. Onde a tua visão vislumbrar a linha que limita o teu alcance visual, a possibilidade de mais longe enxergar, marque-o e vá até lá. Quando chegares ao ponto marcado, verás que a linha está em outro ponto mais distante. Todavia, nesta tua caminhada verás coisas novas, inimagináveis até então. Verás que ganhastes novos amigos e obtivestes novos conhecimentos.
Não te preocupes – assim como o valente menino – com aqueles que ficaram sob a árvore esperando e torcendo pela tua queda para dela rirem. O menino não caiu. Eles não riram. Por dentro, se corroendo pela inveja e covardia por não terem ousado – choravam, não mais riam!
Se alguém pensar que nas tuas andanças serás comido por feras; que cairás em despenhadeiros de profundidades abissais – não dês aos derrotistas o prazer de verem as tuas lágrimas. A alegria do teu sucesso será, por certo, o lenitivo das tuas dores e as dores dos queriam ver-te derrotado.
Sigas, pois, em frente. Se puderes incentivar a outros (Como fizera o menino ao incentivar os seus risonhos amigos a subirem na árvore.) para seguir-te nas tuas andanças; nas tuas buscas de mais e melhores conhecimentos; na tua labuta para progredires na vida – faças isso de bom grado! Sejas, contudo, humilde de espírito e coração. Nunca faças do teu semelhante os degraus da escada da vida na tua busca do sucesso pessoal. Lembra-te sempre: As Franciscanas sandálias nunca provocaram calos nem mau cheiro nos pés dos humildes que as calçaram, ao passarem por tapetes vermelhos ou pelos mais tortuosos dos caminhos trilhados!
Junto à intransponível muralha havia uma imensa árvore. Alta e de espessura colossal, por isso mesmo ela desafiava a todos que, por ventura, tentassem a aventura de ir à sua copa. Nunca haviam conseguido lograr êxito os que tentaram chegar aos seus mais altos galhos. “É impossível – diziam todos!” Contentavam-se, todavia, em desfrutar da enorme sombra que ela lhes proporcionava.
Mas essa contenção de ímpetos não era unanimidade. Havia um menino que não se contentava em, tão somente, ouvir a banda – queria vê-la em desfile. E assim pensando, ele decidiu enfrentar o desafio maior: vencer a espessura e altura da desafiante árvore. Resoluto, disse aos seus amigos:
-Vou subir nessa árvore para ver a banda tocar e passar!
Os colegas riram da ousadia. Em coro, cantavam uma música na qual a improvisada letra dizia: “vai cair, vai cair!” E esse refrão, “vai cair”, era cantado de tal forma que evidenciava a sílaba “ir” do verbo cair. E ele era repetido assim: -“Vai cair, ir, ir! Vai cair ir, ir!”.
Sem se importar com o coro, o valente menino começou a sua difícil escalada. Atracou-se ao grosso tronco e lançou o corpo para frente. Bracinhos esticados, mãos estendidas buscando onde se agarrar. Sustentação não havia. O corpo desliza rumo ao solo levando ao chão o bravo menino. Ele não desiste, insiste. Nova tentativa fora sinônimo de queda nova. No chão passou a ser, por várias vezes, alvo das risadas dos amigos.
-Não falei que ele ia cair? Dissera um! Risadas todos deram! Todo mundo sabia que seria mais um tombo, na certa – afirmaram os outros! O “ninguém consegue subir nessa árvore” era voz corrente em meio à molecada.
O bravo menino, todavia não se mostrava derrotado! Ele precisava provar – não aos outros, mas a si mesmo – que seria capaz do feito. E assim pensando, ele, novamente, atracou-se ao tronco. Desta feita, com imensurável ímpeto. Suas mãozinhas, antes frágeis, eram agora tenazes de titânio. Suas unhas cravaram no madeiro. Seus bracinhos, agora, eram fórceps no processo de alcançar os objetivos propostos. Postados sob a frondosa árvore, os amigos o veem avançar lentamente. Milímetros, centímetros e metros para, finalmente, galgar as alturas do velho, imponente e, até então, invencível arvoredo.
Chega o menino às alturas. Os ferimentos, as dores causadas pelos arranhões e as contusões provocadas pelas quedas – nada disso incomodava ao menino! No seu jovem rosto, um jovial sorriso se estampava. As lágrimas de felicidade desciam ladeira abaixo. Era latente a sua alegria por ouvir e ver a banda que, parada a sua frente, animava a parada que desfilava pela avenida. E o desfile era lindo. Porta-estandarte, belíssimas balizas e fanfarras que tocavam, enquanto a banda descansava. As crianças com multicoloridos balões não se faziam de rogadas ao sorrirem enfeitando o festivo ambiente. E tudo isso era visto pelo valente menino que não se acovardou na busca da realização do seu sonho: ouvir e ver a banda tocar, a banda passar!
Rés ao chão, boquiabertos estavam os seus amiguinhos que – por temerem desafios – ficaram sob a sombra da frondosa árvore, somente torcendo pelo insucesso do bravo menino.
Há de se questionar: -Por quantas vezes – temendo derrotas – nunca damos o primeiro passo? Por quantas vezes – temendo desafios – não iniciamos uma maratona? Mesmo sabendo que, para iniciarmos uma caminhada, será sempre necessário darmos o primeiro passo – covardemente e por temermos desafios e derrotas – deixamos o primeiro passo para um distante amanhã, para o depois de amanhã, semana que vem... mês que vem... ano que vem?
O menino valente subiu na árvore. O valente menino realizou o seu sonho. Ele se machucou na tentativa, porém, venceu o desafio. Para aqueles que, sob a árvore ficaram torcendo por novas quedas para, das quedas rirem, restou a decepção dupla: a de não sorrirem e a de não terem vislumbrado o mavioso espetáculo visto pelo valente menino.
-Venham – dissera o menino – eu os ajudarei na subida! É fácil, tentem – insistira o menino!
Temerosos, contudo, nenhum dos garotos quis – ninguém tentou!
O menino nos coloca em posição de reflexão: Por mais amplo que possa ser o nosso anglo de visão, ele sempre se fixará em uma linha do horizonte. E esse limite deve ser vencido. Onde a tua visão vislumbrar a linha que limita o teu alcance visual, a possibilidade de mais longe enxergar, marque-o e vá até lá. Quando chegares ao ponto marcado, verás que a linha está em outro ponto mais distante. Todavia, nesta tua caminhada verás coisas novas, inimagináveis até então. Verás que ganhastes novos amigos e obtivestes novos conhecimentos.
Não te preocupes – assim como o valente menino – com aqueles que ficaram sob a árvore esperando e torcendo pela tua queda para dela rirem. O menino não caiu. Eles não riram. Por dentro, se corroendo pela inveja e covardia por não terem ousado – choravam, não mais riam!
Se alguém pensar que nas tuas andanças serás comido por feras; que cairás em despenhadeiros de profundidades abissais – não dês aos derrotistas o prazer de verem as tuas lágrimas. A alegria do teu sucesso será, por certo, o lenitivo das tuas dores e as dores dos queriam ver-te derrotado.
Sigas, pois, em frente. Se puderes incentivar a outros (Como fizera o menino ao incentivar os seus risonhos amigos a subirem na árvore.) para seguir-te nas tuas andanças; nas tuas buscas de mais e melhores conhecimentos; na tua labuta para progredires na vida – faças isso de bom grado! Sejas, contudo, humilde de espírito e coração. Nunca faças do teu semelhante os degraus da escada da vida na tua busca do sucesso pessoal. Lembra-te sempre: As Franciscanas sandálias nunca provocaram calos nem mau cheiro nos pés dos humildes que as calçaram, ao passarem por tapetes vermelhos ou pelos mais tortuosos dos caminhos trilhados!
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