O silêncio fará por nós
O discurso esvaziou a paciência, e a conversa mudou de prosa. O indivíduo se perdeu com o advento da globalização; e se achou num labirinto de informações. São tantos caminhos a percorrer, que a direção travou. Com a explosão tecnológica, esfacelamento da estrutura familiar e descontrole emocional, as relações tornaram-se frágeis; nada mais é para sempre. Nem as promessas e contratos! A superficialidade é a queridinha da vez; musa do homem sem qualidades, sem argumentos e sem tempo. Por outro lado, nenhuma conexão é iniciada no berço da gramática ou dicionário; afinidade e intimidade são companheiras dos ponteiros. O relógio corre devagar. É que a conversa despretensiosa move a roda social. Essas paralelas superficiais não se cruzam; uma corre em direção ao caos, a outra, na construção das relações. Só que as relações estão caóticas, jogar conversa fora nem é opção; muitas ficaram mudas, silenciadas pela falta de comunicação, de assunto e de intimidade. Outras tantas ficaram surdas, já não escutam e nem reconhecem qualquer tipo de vocalização. O bom papo está fora de moda; falar em códigos dá mais curtição, enxugar as palavras, seca o sentimento; e quem é que quer um diálogo, com um indivíduo sem alinhamento psicológico, físico e estrutural?