PÃO, PORRADA E POESIA!
Degustava minha caneca de café na varanda, (pão), era uma
bela manhã, (poesia). Quando meu vizinho de muro, Sr. W, me acenou
seu bom-dia rotineiro. Retribui com o enfado que caracteriza os bom-
dias entre vizinhos. Além do quê, Sr. W era um cretino.(porrada)
Pois toda manhã, ocupava-se o Sr. W de limpar certa gaiola,
onde mantinha cativo, um coleirinho(porrada). Decerto, o Sr. W se
esmerava no trato da avezinha, tratada com o mais fino alpiste, a mais
pura e fresca água e o mais suculento jiló.(pão). Isto para que o colei-
rinho se mantivesse saúdavel e brindasse os ouvidos do vizinho com
seu canto: tiu-tiu zéu-zéu. Um deleite para o Sr. W. (poesia).
Porém não atinava o meu cretino vizinho, que a pobre avezi-
nha cantava para encantar alguma eventual fêmea que por ali voasse.
Tinha fé o passarinho que forçando seu gogó, logo encontraria o gran-
de amor de sua vida,(poesia). Simplesmente como fazem todos os pas-
sarinhos. Contudo mesmo que uma coleirinha eventualmente voasse
por ali, não haveria de amar aquele cativo. Pois a ele, que muito embo-
ra não tivéra cometido crime nenhum, estava reservado apenas uns
beijinhos de bico entre as grades de sua prisão,(porrada) e o seu mais
fino alpiste matinal. (pão)
Não haveria o pobrezinho de seguir a grande ordem divina
dos passarinhos: crescei, voai, cantai e se multiplicai!! Isto por conta
de uma gaiola e de um cretino!
Haverá o cibernético leitor notado, que grafei na singela narrati-
va entre parênteses, as palavras que formam o título: pão, porrada e
poesia. E explico por quê! Não são elas a síntese das relações huma-
nas?Não seria o pão: o alimento, a casa, o dinheiro, o poder, o ter!!
Não seria a porrada: a inveja, a incompreenssão, a ganância, o egoís -
mo etc...etc!!
Cada um de nós já tivemos e teremos nosso bocadinho de pão
porrada e poesia. Assim sempre foi, assim sempre será. Não foi com o equilíbrio dessas três coisas, que Maquiavel ensinou aos soberanos
tornarem seus reinos mais estáveis?
Ah!! não vá pensar que esqueci de discorrer sobre a poesia!
É que a poesia, está sempre nas coisas mais simples da vida!
Barcel Ferreira.