Terça-feira, trinta de junho do ano em curso. Tranquila, em casa, senti que algo estava errado, um silêncio, um vento se fazia sentir pelo barulho das folhas secas que rolavam pelo chão. Abri a porta, saio lá fora, vou para os fundos do quintal. O céu muito escuro, um vento ameaçador iniciou. Recolhi as roupas do varal, entrei depressa em casa, chamei meu filho que tinha vindo visitar-me uns dias e depressa fechamos a casa. O temporal, previsto, mas não esperado, veio de repente, com um barulho ensurdecedor. Foi tudo muito rápido. Senti que o telhado da casa, poderia voar, não sabíamos o que fazer. Sentamos no sofá, sem noção de onde ir , o que fazer. Olhei para baixo da mesa, lembrando dos meus tempos de criança,  o único local em que poderia ir, para uma emergência. Lá coloquei rápido, almofadões e ficamos aguardando. Muito barulho lá fora, não se sabia o que estava acontecendo. A energia se foi. Muito escuro, embora fosse dezesseis horas. Repentinamente, chuva descendo do forro da casa. Sentimos o som batendo no piso, nos quartos. Mesmo com medo, fomos olhar, a água descendo, mas, por sorte, não nas camas. Recorri, a sacos plásticos, grandes , guardados na dispensa. Com eles, preservei as camas, a televisão, os aparelhos eletrônicos. Foi um ciclone-bomba, que com sua fúria, causou destruição grande por onde passou. A fé em Deus, livrou minha casa de muitos estragos, mas ficamos dois dias sem energia e sem comunicação. Difícil foi conseguir pessoas para consertar as telhas e a instalação elétrica. Mais difícil ainda, por em funcionamento a Internet ( fibra ótica, os fios na rua romperam) , a antena da TV que teve que ser trocada. Quatro dias para resolver tudo. Mas, temos que agradecer a Deus, que os gastos não foram tão elevados e não sofremos nada fisicamente. O pânico, o terror tomou conta nestes momentos em que o ciclone passou e deixou traumas, por um tempo. É inverno, faz frio. Quando se restabeleceu o sinal de televisão, que constatamos a destruição que causou em todo o Estado de Santa Catarina e parte do Rio Grande do Sul. Famílias que ficaram sem teto, sem nada. Junto a este fenômeno, a pandemia, que está causando muitos cuidados e isolamento social há mais de setenta dias. Momentos aterrorizantes, que não se esquece facilmente. Momentos de reavaliar a vida e valorizá-la. Nada se pode fazer durante uma tempestade, a não ser se resguardar e orar. Agora, agradecer a Deus e lembrar das famílias que estão em dificuldades. Foi um último dia de junho, em que nos damos conta que perante estes fenômenos da natureza, ficamos inertes, sem ação.

                     (lumah)
lumah
Enviado por lumah em 06/07/2020
Reeditado em 30/07/2020
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