QUEM GUARDA COM FOME, O BICHO VEM E COME.
Depois de colocar ração e água para meus gatos, uma gata e seu filhote de oito meses, dirigi-me ao fogão e coloquei meu almoço no prato. Nesse instante, chegou minha irmã que mora ao lado da minha casa, nas mãos dela uma panela com ¨capial¨, (costela com macaxeira cozidos). Pela aparência, estava uma delícia. Porém como nunca fui tímido na hora das refeições, meu prato não cabia mais nada. E como tinha preparado comida apenas para o almoço, pensei: Meu jantar quase pronto, à tardinha preparo um arroz quentinho, esquento o capial, perfeita combinação!
Coloquei a panela que ela me entregou sobre o fogão e com meu almoço no prato fui pra sala, sentei-me em frente a televisão e enquanto comia, assistia as notícias do dia. Depois de saciada minha fome, demorei alguns minutos e armei a rede na sala e continuei vendo televisão, esperando o bendito sono da tarde chegar.
Todavia, quando meus olhos já teimavam em não permanecer abertos, ouvi na cozinha a tampa da panela batendo. Algo como levantar a tampa e deixar cair sobre panela. Deduzi que era a gata mexendo, já que o gatinho estava no quintal. Levantei e corri pra cozinha e realmente era a gata tentando acabar com meu desejo de consumo no jantar. Por segurança, coloquei uma bacia cheia com água sobre a tampa da panela. Agora a gata não iria conseguir levantar a tampa. Voltei pra rede.
Passados uns quinze minutos ouvi a gata miar forte repetidas vezes, pensei até em ir à cozinha e ver o que estava acontecendo com ela. Mas logo cessaram os miados. Continuei na rede na minha tentativa de dormir.
Na janela da sala surgiu o gatinho, pulou pra dentro e foi pra cozinha. Até aí tudo bem. Lá é onde coloco água e ração pra eles. E assim fez-se silêncio total e eu já começava a fechar os olhos, quando de repente ouvi na cozinha um barulho muito forte. Corri pra lá e vi a bacia, a tampa e a panela espalhados no chão da cozinha. Olhando a cena e vendo os gatos devorando meu capial, é que fui compreender o que tinha acontecido. Aqueles miados da gata, nada mais era que chamando o filhote para ajudá-la a derrubar a bacia com água que estava em cima da panela. E conseguiram.
Assim, passados cinquenta e dois janeiros por mim, nunca ficou tão evidente, que a união faz a força.