Para Onde Foram Todas?
Estou sentido falta delas.
Não que eu sinta isso sempre.
Vou lhes contar um segredo: depois de ter trabalhado por trinta e quatro anos no meio de tantas, me aposentei um tanto quanto enjoada, cansada e enfastiada mesmo.
Agora, após seis anos, quando não as vejo mais, voltei a pensar nelas com carinho.
Meu coração empedernido anda me pregando peças.
Procuro dentro dos carros, no trânsito, e elas não está lá. Olho ao longo das calçadas e também não as vejo mais, e no shopping? Meu Deus! Shopping, no inverno, era um antro delas.
Estamos no inverno agora, e aqui no sul, inverno é inverno, não se pode correr para a praia, pois a água fica gelada e o vento cortante, então shoppings são uma boa opção de diversão nos finais de semana.
Por lá tem de tudo que se possa querer para passar o tempo. Tem cinemas, boa e variada comida, jogos, profusão de lojas para se comprar qualquer coisa ou enlouquecer, parques, teatros, etc.
Não estamos em época para frequentar esses lugares, mas foi tudo o que nos restou, de repente, numa emergência.
E, no meu caso, era uma emergência.
Munida com minha máscara e um frasco de álcool em gel, lá fui eu com toda coragem do mundo, depois de ter a temperatura auferida, e porque não dizer, curiosidade para ver se tudo continuava como antes. Não se iludam porque nada era como antes. Elas não estavam por lá também.
Nenhuma pelos corredores correndo ou pilotando orgulhosamente um veículo em formato de adorável bichinho. Nenhum choro esguinchado de manha, nenhum sapateado de birra e, tão pouco, um riso cristalino de prazer. O parquinho vazio e jogado ás traças, às escuras, condição raríssima para um domingo. Centro de jogos eletrônicos e fliperama silenciados, desligados.
Fiz o que tinha que fazer e rapidamente voltei para casa.
Depois desta experiência aterrorizante, comecei a procurar pelas ruas.
Praças? Nem pensar! Estão desertas.
Aqui no meu bairro, onde as ruas são calmas, elas sempre apareciam andando de bicicletas nos finais de semana, correndo atrás ou puxando um cachorrinho pela guia, soltando pipa.
Outro dia olhei pela janela e perguntei ao meu marido onde estariam as pipas. Estamos na época delas, os ventos andam favoráveis, e tem dias que o céu está muito convidativo, porém nada, nadica de nada.
A quatro quadras daqui tem uma escola que está completamente deserta. Não muito distante o prédio da creche, fechado, queda-se em desolação.
Não as vejo saindo ou entrando no condomínio, vestidas de uniforme e carregando livros nos braços. Nenhuma correria proibida por entre os blocos, o playground deserto.
Ia esquecendo dos supermercados que virou uma furna de gente sisuda e apressada. Os carrinhos de metal de compras com suas cadeirinhas vazias, nenhum parzinho de pernas penduradas com seus sapatinhos coloridos balançando.
Me peguei com saudades, sentimento esse esquecido durante tanto tempo.
Onde andam, como vivem, o que estão fazendo? Me pergunto, incrédula.
Eu as quero de volta ao dia a dia da vida.
Pois é. Bem diz aquele ditado que a gente só dá valor a certos bens depois que os perde.
Quero a visão da beleza e da alegria, do som dos risos e dos passos e sinto falta até da irritação da correria e da balburdia, muitas vezes, que elas nos provocam.
Para onde foram todas as crianças?
(pergunta que não quer calar, pós quarentena e em tempos de distanciamento social)
Estou sentido falta delas.
Não que eu sinta isso sempre.
Vou lhes contar um segredo: depois de ter trabalhado por trinta e quatro anos no meio de tantas, me aposentei um tanto quanto enjoada, cansada e enfastiada mesmo.
Agora, após seis anos, quando não as vejo mais, voltei a pensar nelas com carinho.
Meu coração empedernido anda me pregando peças.
Procuro dentro dos carros, no trânsito, e elas não está lá. Olho ao longo das calçadas e também não as vejo mais, e no shopping? Meu Deus! Shopping, no inverno, era um antro delas.
Estamos no inverno agora, e aqui no sul, inverno é inverno, não se pode correr para a praia, pois a água fica gelada e o vento cortante, então shoppings são uma boa opção de diversão nos finais de semana.
Por lá tem de tudo que se possa querer para passar o tempo. Tem cinemas, boa e variada comida, jogos, profusão de lojas para se comprar qualquer coisa ou enlouquecer, parques, teatros, etc.
Não estamos em época para frequentar esses lugares, mas foi tudo o que nos restou, de repente, numa emergência.
E, no meu caso, era uma emergência.
Munida com minha máscara e um frasco de álcool em gel, lá fui eu com toda coragem do mundo, depois de ter a temperatura auferida, e porque não dizer, curiosidade para ver se tudo continuava como antes. Não se iludam porque nada era como antes. Elas não estavam por lá também.
Nenhuma pelos corredores correndo ou pilotando orgulhosamente um veículo em formato de adorável bichinho. Nenhum choro esguinchado de manha, nenhum sapateado de birra e, tão pouco, um riso cristalino de prazer. O parquinho vazio e jogado ás traças, às escuras, condição raríssima para um domingo. Centro de jogos eletrônicos e fliperama silenciados, desligados.
Fiz o que tinha que fazer e rapidamente voltei para casa.
Depois desta experiência aterrorizante, comecei a procurar pelas ruas.
Praças? Nem pensar! Estão desertas.
Aqui no meu bairro, onde as ruas são calmas, elas sempre apareciam andando de bicicletas nos finais de semana, correndo atrás ou puxando um cachorrinho pela guia, soltando pipa.
Outro dia olhei pela janela e perguntei ao meu marido onde estariam as pipas. Estamos na época delas, os ventos andam favoráveis, e tem dias que o céu está muito convidativo, porém nada, nadica de nada.
A quatro quadras daqui tem uma escola que está completamente deserta. Não muito distante o prédio da creche, fechado, queda-se em desolação.
Não as vejo saindo ou entrando no condomínio, vestidas de uniforme e carregando livros nos braços. Nenhuma correria proibida por entre os blocos, o playground deserto.
Ia esquecendo dos supermercados que virou uma furna de gente sisuda e apressada. Os carrinhos de metal de compras com suas cadeirinhas vazias, nenhum parzinho de pernas penduradas com seus sapatinhos coloridos balançando.
Me peguei com saudades, sentimento esse esquecido durante tanto tempo.
Onde andam, como vivem, o que estão fazendo? Me pergunto, incrédula.
Eu as quero de volta ao dia a dia da vida.
Pois é. Bem diz aquele ditado que a gente só dá valor a certos bens depois que os perde.
Quero a visão da beleza e da alegria, do som dos risos e dos passos e sinto falta até da irritação da correria e da balburdia, muitas vezes, que elas nos provocam.
Para onde foram todas as crianças?
(pergunta que não quer calar, pós quarentena e em tempos de distanciamento social)