A estrada
Por onde passa, há sempre uma pequena recordação. Poderá ser um pássaro cantando, uma vaca pastando, uma boa sombra de árvore, um pequeno riacho correndo sobre as pedras.
Recordar é viver e assim diz o poeta. Recordar de todo o passado, mesmo estando no presente. Relembrar o acontecimento há dez anos traz uma grande saudade e simplesmente o ato de voltar à memória algo de bom ou de mal que aconteceu.
Por exemplo, pense em uma longa estrada. No início, a estrada é bem larga. Não existe sequer um buraco, uma pedra ou até mesmo um desnível para passar. Vai estrada a fora com todos os sonhos. Planeja estar o mais rápido no fim do caminho.
Um pouco mais à frente, encontra com alguém que poderá mudar a vida. Será um sonho ou será um presente, não de grego, mas da realidade humana. Um longo passeio, uma longa conversa. Ficará parado por algum instante, mas deixará que o tempo corra contra o vento.
Aquela pessoa passou e ficou ali parada. Esqueceu de andar. Olha à frente e vê que outros amigos tomaram novo rumo, ou seja, desviaram o mesmo caminho por onde está andando. Uns atravessam brejos, outros, pedras e até mesmo ondas altas que surgiram no oceano da vida.
A caminha parece longa, mas a disposição ainda é forte. Caminha com muita força e vontade de vencer. Desconfia que ultrapassa os amigos, mas eles estão em outra direção e você está cada vez mais próximo do objetivo. Não relata nada, nem mesmo como está sendo a caminhada. Corre, às vezes pensa estar voando, mas tudo é simples e pura ilusão. Os pés estão no chão e mal movem, pois está estagnado em uma nova aventura.
A estrada da vida, como foi referida por “Milionário e José Rico”, é semelhante à vida em que leva. Todos correm por um ideal, por uma nova aventura, mas o fim da jornada está próximo, pois somente a natureza é que não acaba e nem mesmo cansa. Se fechar os olhos na eternidade, uma serra será a mesma, uma árvore cresceu, floriu e deu flores. Os pássaros nasceram, cantaram, tiveram os filhos e morreram. A água ficará mais escassa, mas não mudará a qualidade. A família não será a mesma, pois ela crescerá, terá o fruto e algum dia acabará. Os bens serão usados, transformados, mudados, vendidos, locados e algum dia acabará.
Então, a estrada é longa, mas curta para os prazeres da vida.