CARTAS EL PAIS

Trincheira

Anos 60... Agência dos Correios apenas em algumas poucas cidades do interior. Não tinham luxo. Sala modesta sem cadeiras de assento oferecia atendimento PRÓ CARTA. Janelas arredondadas cobertas por grades de ferro donde o atendente despachava o 'freguês'. Seguia todo protocolo - seja na capital ou regiões isoladas - desempenhando um trabalho singular. Os preços 'como sempre' variavam dado ao pedido feito pelo (a) interessado (a). Enamorados preferiam envelopes vermelho claro/rosa na tentativa de se afinarem com a outra banda da maçã.

O posto mui frequentado em dias úteis da semana no geral exibiam uma plaquinha amarelo - ouro para marcar o ponto (endereço comercial). Esse serviço periódico de 'primeira necessidade' contava com uma única pessoa para responder por todo aquele labor. O que fazia? Entregava cartas 'aos montes' e encomendas vindas em caixas/embrulhos uma vez celadas pelo medidor oficial. Tudo organizado de acordo ordem superior. Pouco ou nada extraviava nesse percurso. O remetente tinha aviso prévio de que sua encomenda poderia 'demorar de chegar' nas mãos do destinatário. Motivo? Dificuldades de acesso a depender do lugar. Nas épocas de chuva o serviço ficava 'atrasado e dengoso' parecendo 'Dom Sebastião' que recebe agrados mas custa em responder na hora desejada. Como dizem 'a saudade não mede tempo nem distância'. Vinha que vinha com as melhores das intenções. Teste grave! Um gesto amigo por vezes dirimia a falta de informação segura.

Pequeno mezanino (armário embutido na parede dos fundos) estocava envelopes e afins. Longe de goteiras ou tinteiros que por acidente pudessem estragar e/ou manchar o porta - cartas. Ganhavam um plástico para cobri - las. Sem contar o aviso estampado na dianteira da mobília: 'caso não retire a correspondência em 40 dias a mesma poderá de ser queimada'. O que mais chama atenção é a forma com que o malote dos correios chegavam às cidades (incluindo vilas, povoados e arrabaldes). Um jumento devidamente adestrado ficava encarregado de levar a mercadoria quanto conduzido pelo chamado 'entregador'. Este metia 'água e comida' na algibeira de pano a fim de saciá - lo. O funcionário interno era 'agente postal telegráfico'. Alguns usavam um 'kep preto' além de gravata borboleta. Cheiravam sabonete após um bom banho antes do meio dia para apresentar - se 'impecável' junto à empregadora regional. Coisas da época. Nada de mais. Esse trabalho por demais respeitado e 'bem visto' acumulava um salário irrisório. Vale lembrar que não haviam carteiros para esse vai e vem que hoje conhecemos apenas um responsável pelas mediações telegráficas.

Assim cartas e cartas percorriam um caminho bastante longo e moroso até alcançarem seu destino final. Imaginem a felicidade de quem as recebiam passados meses e meses de ausência sem notícias do amigo ou parente! Letras escritas a mão livre popularmente atribuídas como 'garranchos' que de tão graúdos nem deixavam caber as rápidas despedidas. Ainda sim eram lidas e relidas para alegria da parentela/vizinhança. O slogan seguido das cores azul e amarelo da empresa estatal ganharam 'bons olhos' por parte de seus beneficiários.

Thiago Valeriano Braga

Thi Braga
Enviado por Thi Braga em 05/07/2020
Reeditado em 04/06/2021
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