A semente de amor

Um dia eu achei perdida uma semente de amor. Eu reconheci rapidamente, me recordando das fotos que eu via dele brotando em páginas que eu curtia na internet. Mas como ele parecia pequeno e frágil aquela tarde! Eu o acolhi e guardei no bolso, eu o faria germinar, ficar forte. Aquele dia eu mal consegui me concentrar no trabalho, com amor quente no meu bolso, eu estava tão ansiosa. Ia ser minha primeira vez plantando amor. Eu tinha que achar o vaso perfeito, a terra mais fértil, o melhor adubo, água filtrada, o lugar da casa mais arejado, a hora perfeita para o banho de sol.

Eu estava tão animada! Mas também tão preocupada... E se o meu amor não vingasse? Se secasse?! Não... Eu iria me certificar de que iria dar certo.

Assim o fiz. Cheguei em casa após exaustivas caminhadas em busca do que eu julgava necessário, em armazens, supermercados, lojas e floriculturas. Coloquei o amor aconchegadinho na terra do meu peito. Reguei-o. Passei os dias dando atenção, adubando, eu nem trabalhava mais, só passava todas as horas observando as necessidades do meu amor. Mas ao contrário do que eu esperava, 7 dias se passaram e nada! Amor não germinou.

Passei a regar mais, a adubar mais, a não sair de perto nem um minuto. O amor não conseguia respirar.

Fiquei ansiosa e irritada com tudo - Era o sol quente demais ou frio demais, a chuva que não vinha e se vinha não era adequada, eu culpava tudo, menos o verdadeiro culpado.

Minhas olheiras eram profundas e eu emagreci pois eu não me cuidava mais, só do amor. E assim o amor morreu, antes mesmo de ter a chance de crescer, enquanto eu durei mais alguns anos para crescer e entender, que amor além de cuidado - dentro da medida certa - precisa de tempo e paciência.