Aline, ne me quitte pas, je suis ton Petit Prince.
"Tunico, je ne t'aime plus. Je suis parti. Ce sera mieux ainsi. C'est fini, au revoir. Avec affection, Aline. PS - J'ai laissé de la viande rôtie et du vin dans le réfrigérateur."
Boa tarde meus 23 fieis leitores e demais 36 que de quando em vez vem aqui nessa minha escola de idiomas literários ler as maravilhosas e geniais crônicas desse poliglótico Bacamarte na língua de Camões, Brigitte Bardot, Borges, Sophia Loren, Agnetha Fältskog, Barbara Bouchet, Kolinda Grabar-Kitarovic, Jane Fonda, Helle Thorning-Schmidt, Priyanka Chopra, Jessica Alba, Satomi Ishihara, Nestin Cavadzade, Angela Yeung e Alinne Moraes. Depois que inventaram os aplicativos de tradução de voz e de escrita, todo mundo virou poliglota e fala todas as línguas. Eu achava que entendia bem o francês até conhecer Aline, que me fez descobrir que se eu entendia a língua francesa, desconhecia as francesas.
Aline era uma gaulesa muito bonita, bonita tipo a Alinne Moraes, que veio não sei porque estudar aqui na Universidade da Groenlândia (coisa muito rara) e conheceu esse lindo, culto e multilíngue Bacamarte, que lhe servia de tradutor e acabou lhe servindo de outras coisas mais, óbvio. Fiquei louco por ela. Paixão fulminante e avassaladora. Eu era o Pequeno Príncipe e Aline minha rosa. Até que um dia encontrei o vaso vazio e um bilhete embaixo, esse com o qual abri a crônica.
Então essa era a famosa "saída à francesa", Aline? Então la vie en rose acabou, para mim? E a nossa chanson d'amour? Ra ta ra ta ra? Fiquei arrasado! Eu, que me achava O cara, O gostosão, O Alain Delon de Charky City, abandonado pela Aline, minha namorada francesa, meu primeiro grande amor. Foi um baque, um nocaute sentimental. O mundo acabara para mim! Rastejei na sarjeta da desilusão amorosa.
- Aline, ne me quitte pas, je suis ton Petit Prince. "Tu deviens reponsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé"! - disse eu, para o vazio, oco por dentro, despedaçado.
Enganei-me, Aline não era uma rosa, era uma raposa e havia me cativado, não eu a ela. Não creio ter visto o essencial de Aline, os olhos do meu coração estavam cegos. O amor é cego, xará Antoine, tu não sabia disso quando escreveu o livro?
"Ma candeur et mes vingt ans avaient su t'émouvoir, je te couvrais de fleurs. Mais quant à mon firmament j'ai vu des nuages noirs, j'ai senti ta froideur. C'est ma vie, c'est ma vie..." Sim, embora ainda não tivesse os 20 anos da canção do Adamo, eu cobria Aline de flores, quando meu céu escureceu e passei o frio do abandono.
Meus pais se preocuparam comigo, pois passava os dias ouvindo Christophe e Jacques Brel, trancado no que antes fora nosso ninho de amor, ou seja, o AP que papai alugara para mim morar com Aline. Grande sr Bacamarte, sempre bancando minhas aventuras e desventuras. "Et j'ai crié, Aline, pour qu'elle revienne! Et j'ai pleuré, j'avais trop de peine", mas não adiantou gritar e chorar, Aline foi pra Paris e nunca mais voltou. "Moi je t'offrirai des perles de pluie venues de pays où il ne pleut pas, je creuserai la terre jusqu'après ma mort pour couvrir ton corps d'or et de lumière. Je ferai un domaine où l'amour sera roi, où l'amour sera loi et où tu seras reine! Ne me quitte pas..." Pérolas, ouro e luzes, nenhuma promessa a trouxe de volta.
Mas claro que esse Bacamarte, jovem, lindo, culto, inteligente, humilde e cheio de vida, teria de reagir e ultrapassar esse período de descornamento! E foi na fossa, ouvindo canções francesas, que Joe Dassin me deu a dica: "Et si tu n'existais pas, j'essaierais d'inventer l'amour comme un peintre qui voit sous ses doigts naître les couleurs du jour". Sim, era isso! Aline não existia mais em meu mundo, fora-se pra sempre. Logo, teria de pintar um novo dia para mim, um novo amor, cheio de cores, saindo desse P&B e escalas de cinza em que imergira. E o que havia ao alcance de meus dedos em Charky City? A Jane!!!
Óbvio que, como normalmente acontece nesses casos, o jovem Bacamarte estava para cair na sacanagem visando aliviar o coração partido. E a Jane, ah, a Jane era muito doida. Lembram daquela canção francesa do Serge Gainsbourg, cheia de sussurros e que era trilha de nove entre dez filmes eróticos? Eu sei que vocês lembram, aqui no Recanto praticamente inexiste adolescente! Pois então. A Jane não era uma Jane Birkin em termos de aparência, mas era quase (eu disse quase) uma Raimunda e a melhor goleira de toda a Charky City. Pegava todas, não passava uma. E eu era um jovem aprendiz de centroavante matador, já sabia muito entre as quatro linhas. Bom, não o suficiente para segurar Aline, mas a vida ensina, né? Ah, que se dane a Aline, o negócio era agora a Jane: "Tu es la vague, moi l'île nue, tu vas, tu vas et tu viens entre mes reins. Tu vas et tu viens entre mes reins et je te rejoins". Buenas, e assim eu ia e vinha e as mágoas foram sendo esquecidas e a lembrança de Aline ficando turva. Valeu, Jane, tu foi muito legal comigo. Colocou-me uma infinidade de chifres, mas eu também te coloquei e, sabemos, o nosso lance era físico, era só sacanagem mesmo, arte pela arte. Hoje somos muito amigos, mas não transamos mais. Um com o outro, óbvio. Eu tô monogâmico, mas a Jane ainda continua muito doida.
Óbvio que eu não esqueci a Aline, senão não estaria escrevendo sobre ela, né. Todavia, não esqueci também da Jane: "Je t'aime, je t'aime. Oh, oui, je t'aime, moi non plus. Oh, mon amour". Mas agora estou só com a Louise. Eu fui para o Brasil logo depois de toda essa história. Estou apreciando ela agora, na cama, dormindo. Dorme nua. Não sei se eu deveria dizer isso pra tuzes, é um lance muito íntimo, mas o que escrevi, escrevi, como disse Pilatos para os judeus. Então fico olhando o maravilhoso resultado daquele meu passeio por Faxinal do Soturno, que contei pra tuzes na semana passada. Bendito passeio! A Louise é péssima de idiomas, fala o português coloquial, misturado com aquele dialeto talian dos colonos vênetos do Sul do Brasil, e arranha um groenlandês e assassina um dinamarquês, carregadíssimos de sotaque, para o gasto. Já de línguas, é exímia!
Depois de tanto tempo (e de tantos parágrafos, estou começando a ficar chato, prolixo), ainda volto ao bilhete que a Aline me deixou. Porque aquele PS dizendo que havia carne assada e vinho na geladeira? Algum simbolismo naquilo? Tipo assim "tu é um pedaço de carne que eu comi enquanto estava de porre, mas, agora, passou?". Sei lá, acho que nunca entenderei as francesas, nem quero. A Aline foi minha primeira e última. O lance agora são as ítalo-lusitanas brasileiras. Vou acordar a Louise. "Oh, oui, mon amour."
Fui. Inté.
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C'était ça, les gars. Tous les vendredis, à 17h19min, je serai ici à RL avec une nouvelle chronique. Câlin à tout le monde.
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(Je ne sais pas pourquoi je continue de créer un lien vers ce blog, j'ai perdu mon mot de passe et je ne l'ai pas mis à jour depuis des siècles. Jusqu'à ce que je découvre pourquoi je continue de promouvoir ce lien, je le garderai. En cas de doute, ne le passez pas en revue, à droite. Je continuerai à suivre les conseils que Giustina a donnés dans un commentaire le 23 octobre 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina
Bonjour Antonio! Comme aujourd'hui n'est plus qu'aujourd'hui, je crois que tu n'es plus bouleversé ... lol! Quant à votre blog, je vous suggère de continuer à le poster, après tout, dans l'un d'eux vous vous souvenez de votre mot de passe ... Gros câlin ".).