Pausa para Uma Conversa: sobre racismo estrutural e educação no país do preconceito e da discriminação
Nesta última terça-feira, 30 de junho de 2020, o novo ministro da educação entregou seu pedido de demissão ao presidente da república abreviando sua passagem pela pasta antes mesmo de tomar posse. Entre a nomeação na quinta-feira da semana passada e esta terça-feira, seu currículo foi dissecado pela mídia expondo inúmeras inconsistências entre os dados apresentados e as instituições que fazia referência. Mas, por que essas informações levaram à sua queda?
Caso você não saiba, Ricardo Vélez Rodrígues, que foi o primeiro ministro da educação deste governo, apresentava mais de 20 erros em seu currículo, dentre os quais figuram livros atribuídos à sua autoria que não foram escritos por ele, publicações não científicas e obras listadas fora do padrão. Seu sucessor, o controverso ministro Abraham Weintraub foi capaz de se autoplagiar ao publicar o mesmo artigo em duas revistas diferentes sem apresentar as devidas referências.
Damares Alves, a ministra da Família e Direitos Humanos do atual governo, autoproclama-se mestre em educação e em direito constitucional e direito da família. Mas, sem comprovação acadêmica, a mesma afirma que “diferentemente do mestre secular que precisa ir a uma universidade para fazer mestre, nas igrejas cristãs é chamado mestre todo aquele que é dedicado ao ensino bíblico”. Apesar de suas palavras soarem com certa boniteza, a atitude é preocupante. Já pensou se essa moda pega entre os pastores do Brasil?
O currículo do ministro do Meio Ambiente apresentava mestrado nunca cursado em Yale, nos Estados Unidos. Erro atribuído aos equívocos de sua assessoria. Destoando um pouco da narrativa, temos os exemplos do atual governador do estado do Rio de Janeiro e o prefeito da cidade do Rio. O primeiro afirmou ter feito parte do doutorado nos estados Unidos e o segundo ter cursado o doutorado na África do Sul. Para não parecer imparcial, Dilma Rousseff atestou mestrado e doutorado na Unicamp sem ter concluído nenhum dos cursos.
Se este não foi um caso isolado, nem o mais bizarro, eu me pergunto por que o currículo levou à queda do ministro mais lúcido dentre os que comandaram o Ministério da Educação? Gostaria de estar enganado, mas não espero coisa melhor da atual gestão que corta investimentos em massa da educação, incluindo pesquisa e tecnologia, tenta extinguir a autonomia universitária, privatizar as universidades públicas e se preocupa mais com as contas do twitter do que com a pasta da educação!