APENAS A TÍTULO DE CURIOSIDADE (Será que pau que bate em Chico também caceta Francisco?)
ANTES de prosseguir, uma ratificação: repudio, repugno, abomino com a mais profunda resignação que me é possível qualquer tipo de tortura, bem como qualquer apologia a tão desprezível ação, independentemente dos sofismas que se empregue para tentar justificá-la.
INFORMAÇÕES de bastidores sugerem que Fabrício Queiroz (o motorista milionário que entra em casas de veraneio sem que o dono se dê conta) ensaia uma delação premiada em troca (além dos benefícios de praxe) da proteção de sua esposa e filhas.
APENAS a título de curiosidade, caso o ex-motorista tente se fazer de rogado, não trazendo nenhum fato, de fato, novo, será que o presidente (sendo um homem honesto, justo e totalmente adverso a qualquer tipo de corrupção) virá a público para defender que a PF e o MP torturem o amigo particular seu e de sua família para que o mesmo colabore com a Justiça (principalmente por se tratar de uma colaboração de combate a tão odiada corrupção)?
E CASO as investigações comprovem o dolo do 01 (que passará a ser, na interpretação do próprio Capitão, um bandido – até porque o MP o aponta como chefe de um bando), o presidente da República e os seus devotos, clamarão (em nome do fim da corrupção e para que Deus seja posto acima de todos e o Brasil acima de tudo) pela pena capital, invocando a santa e honrosa “doutrina” do bandido bom é bandido morto, ou será que a aplicação dessa “santa doutrina” não pode ser linear, isonômica e absoluta, sendo, portanto, dependente da classe social, cor da pele e/ou corrente ideológica do bandido?
ALIÁS, uma fortuita coincidência (nada mais do que isso) nos leva a inúmeras manifestações e inserções midiáticas do presidente e de seus fiéis seguidores, ao invocarem a “santa doutrina do bandido bom é bandido morto”, sempre se referindo (a título de exemplos em que a doutrina deveria ter sido aplicada) a “bandidos” de altíssima periculosidade, como Adélio Bispo e Roberto Aparecido Cardoso/ Champinha (ambos considerados sociopatas, tanto por autoridades de Saúde quanto da Justiça), sem jamais lembrarem (também por mera coincidência) de casos como, por exemplo, Suzane Hichtoffen (condenada por duplo parricídio), moça branca, universitária, filha de pais ricos e com endereço nobre (sem, contudo ser diagnosticada com qualquer transtorno mental grave), e dos [5] “meninos de Brasília” (também filhos de famílias abastadas e influentes) que, por uma “inocente diversão”, mataram queimado com fogo o índio pataxó Galdino dos Santos e, atualmente, praticamente todos são servidores públicos, trabalhando (ou tendo trabalhado) em órgãos como Poder Judiciário, Senado e na própria Polícia Federal.
MAS a mente humana é assim mesmo. Muitas vezes, quando mais precisamos ser coerentes e éticos, ela acaba nos traindo, nos fazendo lembrar apenas coisas que passarão a quem nos ouve a falsa impressão de que estamos sendo celetistas, demagogos e levianos, apenas com o fim de vender uma proposta que, por mais imoral que seja, nos convém e pode nos trazer os dividendos esperados.