A PRIMEIRA ROSA

As mulheres costumam verem nas flores a essência dos sentimentos que alguém nutre em si. É como se as flores fosse por excelência mediadoras do amor entre duas pessoas. Ao recebê-las sentem-se como se estivesse recebendo simbolicamente o amor em suas mãos.

Naquela manhã estava na casa dele e ele havia saído pra fazer algo que, no momento, pra mim não convinha fazer. Não querendo deixar-me só, procurou um filme e me deixou assistindo. Não gostei da saída, é claro, preferia que ficasse ao meu lado assistindo o filme ou qualquer coisa que fosse, desde que estivesse ao meu lado.

Depois de algum tempo, ele entra com uma pequenina rosa na mão e me dá seguida de um beijo. Foi um dos gestos mais lindos que vivi. Poderia ser algo completamente normal, mas não era. A rosa era do próprio quintal. No outro dia eu tinha passado e parei pra vê-la, e ele nem havia percebido. Era a única do pé e parecia que ela não tinha nascido bem, era um tanto mirradinha, meio amarelada pelo sol. Não me passou pela cabeça tirá-la do seu habitat. E naquele momento com ela entre as mãos, a mistura de sentimentos foi enorme: pena por saber que dali em diante ela apenas morreria, felicidade por ter recebido uma rosa do meu amor, admiração pelo gesto e a magia do momento... A rosa não tinha nada de espetacular, mas foi a mais singela que já vi, trazia consigo o melhor de todos os perfumes, toda a beleza impressa em cada pétalazinha e todo o carinho do mundo expresso no gesto de colhê-la e ofertá-la.

Foi a primeira rosa que recebi dele, mas foi tão significante que poderia ser a única (mas que não seja).

Aquele momento pareceu eternizar-se. A rosa ainda está guardada dentro de um livro e no coração. Pra roseira ela não existe, pra mim existirá pra sempre como a minha primeira rosa.

Virgínia Santana

Virginia Santana
Enviado por Virginia Santana em 18/10/2007
Reeditado em 20/02/2019
Código do texto: T699390
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