O DOIS DE JULHO
REMINISCÊNCIAS
Os 2 de Julho da minha infância eram muito esperados e divertidos.Desde cedo saíamos para a Lapinha ou o Campo Grande para homenagear nossos heróis da Independência.
Já adolescente e inflamada pelos versos de Castro Alves e ,antes dele ,Vitor Hugo,que recitava diante do espelho grande da minha mãe querendo ser uma revolucionária ,corria célere para o cortejo onde,como porta – bandeira seguia na ala dos estudantes.Luvas brancas,o pau da bandeira enfiado na minha barriga e as mãos ocupadas em segurá-la com força e carinho ,percorria todo o cortejo ,muito compenetrada e me sentindo uma futura heroína da pátria ainda em formação.
A paz terminou quando ,no colégio ,descobriram que eu sabia ,de cor, recitar o “Ode ao Dois de Julho”,de Castro Alves.Que recitava sentindo que o fogo sagrado que penetrava no meu ser a cada estrofe quase me devorava no desejo de sair por ai lutando contra os oprimidos.
Então,entusiasmada ,a diretora me escalou para recitar o poema in-tei-ri-nho no palanque oficial.Isso durou anos a ponto de em vez de ser Ode ao Dois de Julho passou a ser ódio ao dois de julho,de tanta recitação ano após ano.
Mas,isso não tirou a minha paixão pelos poetas condoreiros que conservo até hoje e, se voltar a recitar o fogo é o mesmo só não poderei segurar com firmeza o pau da bandeira ,devido á fragilidade dos pulsos.
Aliás,não era apenas o Dois de Julho ,eu era a recitadora oficial da família desde os cinco anos de idade .Era o “Pássaro Cativo” ,era “Os óculos da Vovó” (naquele tempo eu ignorava que viraria vovó e esqueceria os óculos na testa e faria sorrir os netos),era “o Laço de Fita”,de Castro Alves,que adoro até hoje e muitos outros que nem lembro mais.
Ah! Já adulta entrou o Garcia Lorca cujos versos amava e cheguei a dar o nome Consuelo a minha filha ,por causa de um verso inicial do poeta.
Instada por ela,minha filha mais velha para escrever trechos da minha vida e da história da família para que não se percam na noite dos tempos ,de vez em quando entro nas reminiscências.Mas,não sei se devo contar tudo...Afinal,elas não sabem da missa a metade..
REMINISCÊNCIAS
Os 2 de Julho da minha infância eram muito esperados e divertidos.Desde cedo saíamos para a Lapinha ou o Campo Grande para homenagear nossos heróis da Independência.
Já adolescente e inflamada pelos versos de Castro Alves e ,antes dele ,Vitor Hugo,que recitava diante do espelho grande da minha mãe querendo ser uma revolucionária ,corria célere para o cortejo onde,como porta – bandeira seguia na ala dos estudantes.Luvas brancas,o pau da bandeira enfiado na minha barriga e as mãos ocupadas em segurá-la com força e carinho ,percorria todo o cortejo ,muito compenetrada e me sentindo uma futura heroína da pátria ainda em formação.
A paz terminou quando ,no colégio ,descobriram que eu sabia ,de cor, recitar o “Ode ao Dois de Julho”,de Castro Alves.Que recitava sentindo que o fogo sagrado que penetrava no meu ser a cada estrofe quase me devorava no desejo de sair por ai lutando contra os oprimidos.
Então,entusiasmada ,a diretora me escalou para recitar o poema in-tei-ri-nho no palanque oficial.Isso durou anos a ponto de em vez de ser Ode ao Dois de Julho passou a ser ódio ao dois de julho,de tanta recitação ano após ano.
Mas,isso não tirou a minha paixão pelos poetas condoreiros que conservo até hoje e, se voltar a recitar o fogo é o mesmo só não poderei segurar com firmeza o pau da bandeira ,devido á fragilidade dos pulsos.
Aliás,não era apenas o Dois de Julho ,eu era a recitadora oficial da família desde os cinco anos de idade .Era o “Pássaro Cativo” ,era “Os óculos da Vovó” (naquele tempo eu ignorava que viraria vovó e esqueceria os óculos na testa e faria sorrir os netos),era “o Laço de Fita”,de Castro Alves,que adoro até hoje e muitos outros que nem lembro mais.
Ah! Já adulta entrou o Garcia Lorca cujos versos amava e cheguei a dar o nome Consuelo a minha filha ,por causa de um verso inicial do poeta.
Instada por ela,minha filha mais velha para escrever trechos da minha vida e da história da família para que não se percam na noite dos tempos ,de vez em quando entro nas reminiscências.Mas,não sei se devo contar tudo...Afinal,elas não sabem da missa a metade..