Crônica do Chato
Ei irmão, vamos curtir o feriadão na praia?! Vamos sim! A gente aproveita pra escalar a cachoeira e dar uns mergulhos. A grana tá curta, temos que rachar com mais alguém. A gente não leva as meninas. A gente se arranja com as barangas de lá.
Vamos chamar ele e o irmão dele, eles sempre topam e descolam uma graninha pra gastar. Tem mais um lugar, vamos chamar o outro. O outro? Legal, ele é gente fina! Não, não dá não! A grana tá pouca e o outro é um durango, nunca leva bebida, sempre come do que levamos ou compramos, também adora o baseado, mas nunca pagou por nenhuma tragada.
Chama aquele outro! Aquele outro, o chato? Sim, ele é chato mas não recusa nenhum convite, paga tudo certinho e até a mais. Certo! Mas esquece ou esconde os cigarrinhos, ele não curte e não vai se cansar de lembrar da vez em que não foi convidado mas foi chamado para quebrar a nossa lá com o delegado, que pagou a fiança e ainda que mentiu a nosso favor diante do Dr. Juiz.
O chato vai repetir o de sempre: Tem estepe? Calibraram os pneus? Verificaram o nível do óleo? Tudo legal com os faróis e lanternas? A documentação está em dia?.
O chato vai gastar um tempão olhando se as cordas do rapel não estão roídas. Vai alertar novamente que existem rochas no fundo do rio e que alguém já se quebrou nelas. Vai falar de novo que em tais lugares na praia são muito perigosos.
O chato vai ficar de olho no quanto estamos bebendo, não vai beber, não vai permitir que enrolemos o garçom e vai querer dirigir na saída.
O chato vive quebrando o nosso barato. O chato não se manca, acha que precisamos de conselhos, acha que dependemos de seus cuidados.
Sempre chamamos aquele outro de chato, mas se não me engano o nome dele é Joaquim não sei de que.