AS FLORES DE LIS GREY - BVIW
Parecia atônico depois de tanta trabalheira. Lá de pé se fosse um pedreiro cansado a olhar o muro erguido, diria: - Prontinho! Sem defeito! O mestre de obra não teria o que reclamar. Mas se fosse um engenheiro ou arquiteto teria que esperar até o fim de toda a construção. Já ele era outra história...
E por ser realmente outra história não sabia como seria o último parágrafo e, no entanto, já estava perto, muito perto. Não era do tipo previsível e se orgulhava disto. Sabia que a raça humana era cheia de arquétipos e na hora de sentar para escrever não gostaria que nenhum de seus personagens fossem assim tão fáceis de serem identificados a não ser que essa fosse a intenção.
Estava na mão dele o destino final de Lis Grey. E como não era um final feliz poderia colocá-la num trem ou numa garupa de bicicleta daquelas que levam uma cestinha de flores vazia. Poderia até colocar uns dois pãezinhos murchos na sacola de papel amarrotada. E ela se romperia e ela perderia os pãezinhos.
Que leitores gostariam de imaginá-la naquela situação? Por mais que ela não esperasse nada em troca a catarse final pedia outro desfecho. O jeito seria recuar e abrir mão de páginas. Se fosse um pedreiro teria a canção como consolo: “Tijolo com tijolo num desenho mágico” ... Era isso. O último parágrafo pedia uma magia. Ele o faria.
Marília L Paixão
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