RAÍZES DO PASSO: O AÇORITA PESCADOR

"Por este Passo, em águas rasas, transitaram bichos e homens, todos andejos, sem marca e sinal. Eram índios, negros, brancos, todos fazedores de pátria. O que permaneceu como raiz foi o pescador, que fez família e matou a sua fome com o que vem das águas." Joaquim Moncks.

– In monumento ao Açorita Pescador, entregue ao público em 29/06/2020.

No bronze, das mãos do Absoluto e à disposição do tempo, a tentativa artística bem-sucedida de documentar as relações do ser humano vigoroso, empreendedor e simples, junto à foz do Rio Mampituba, o "rio dos bagres", segundo a tradição oral dos silvícolas, primitivos habitantes do lugar. Depois vieram os imigrantes açorianos, que se aldearam num pequeno povoado para suprir a sua fome e dar de comer à prole. Aí está a obra da escultora Elza Menezes, que homenageia o açorita pescador, com a usual vestimenta e sua primitiva bem urdida arma para a sobrevivência: a tarrafa de pescar. Todos nós, aqueles que aqui ainda continuamos "a fazer pátria", à revelia dos ventos e dos cardumes de pescado, temos uma parcela desta teimosia de amar a terra irrigada e o que ela nos pode prover. Os forasteiros, que atualmente são milhares, homenageiam a terra e os seres que nela habitam: homens e mulheres de tez marcada pelo sol, maresias e ventos, com uma explícita declaração pública: EU AMO PASSO DE TORRES!

– Do livro inédito A BABA DAS VIVÊNCIAS, 1978/2020.

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