A fogueira, a família, a época vintage

Estávamos ali ao redor da fogueira comendo milho cozido, batata doce, biscoito fofura, bebendo refrigerando e vinho.

Três gerações, os filhos, os netos e os avós.

Eu estava distraída, olhando para fogueira e pensando como minha mente havia mudado nesta pandemia, parece que a vida perdeu a magia da infância.

Os avós contavam como se conheceram numa festa junina há décadas passada. Mas parecia que tinha sido há tão pouco tempo, talvez pelo fato de ainda serem tão jovens.

Os filhos contaram da modernidade, como se conheceram na escola e depois se reencontraram nas redes sociais. O neto não prestava atenção nas conversas, queria jogar seu vídeo game preferido pelo celular “minecraft”.

Por um curto tempo pareceu que estávamos na época dos avós, nada para fazer, nenhum assunto novo, apenas comendo ao redor da fogueira, esperando a chuva que parecia cair e com medo que ela apagasse o fogo.

O tempo estava parado, não muito frio e sem vento apenas a brasa da fogueira queimando. Era como uma época vintage com a fotografia de filmes antigos, aquele telhado de barro, a vida na roça, os pratos esmaltados.

Os avós contavam de como era nosso bairro há uns 30 anos trás, eram histórias macabras que envolviam histórias de bandidos que comandavam a região e o toque de recolher de todas as noites. Hoje tudo é diferente em vista daquele tempo, mas quando ouço essas histórias me lembro de meus pais contando as mesmas histórias para mim.

E parece que minha geração não está tão distante da deles.