Transbordava... E o Copo Meio!
O olhar vibrante despertava interesse de observadores. As vezes mesmo com o pensamento distante conseguia ser deslumbrante.
Sabia do aroma que exalava, e quão hipnótica tornava-se quando seu sorriso abrasava a visão de quem tentava a mínima atenção dos seus dotes sinuosos.
Uma mulher de muitos arredores, na vida costumava ter um ar para cada suspiro e um grito após cada gemido, expansiva queria um pouco mais do que acreditava merecer.
O que a incomodava tornava-se seu próximo desafio, determinada sonhava além do arco cintilante que separava a realidade do impossível.
Todos os dias refletida no espelho se alto seduzia, mesmo que listasse antes das qualidades, todos os defeitos e manias, era virtuosa quando se tratava de honestidade.
Tantos eram os desejos que passeavam na sua janela e na cama as suas entranhas gozava de tremores de excitação.
Sim, uma Afrodite apaixonante, pena que não apaixonada. De tudo que constatava ser absoluto, a verdade mais lúcida era a de que seu copo não estava cheio, e se ela transbordava era gastando todo bálsamo da própria natureza.
O ideal talvez era que alguém com esse tônico maravilhoso para ser brilhante, pudesse encontrar a felicidade bastando-se. Mero engano, humanos foram criados para partilhar, viver em comunhão.
Quando compreendeu que estava na hora de encontrar a sua essência, a vida parecia piedosa, mas o tempo foi implacável, e a dama iluminada pagou um preço muito alto por não despejar coragem suficiente no copo que permaneceu meio, apesar daquela mulher transbordar quase sempre.
CarlaBezerra