Transbordava... E o Copo Meio!

O olhar vibrante despertava interesse de observadores. As vezes mesmo com o pensamento distante conseguia ser deslumbrante.

Sabia do aroma que exalava, e quão hipnótica tornava-se quando seu sorriso abrasava a visão de quem tentava a mínima atenção dos seus dotes sinuosos.

Uma mulher de muitos arredores, na vida costumava ter um ar para cada suspiro e um grito após cada gemido, expansiva queria um pouco mais do que acreditava merecer.

O que a incomodava tornava-se seu próximo desafio, determinada sonhava além do arco cintilante que separava a realidade do impossível.

Todos os dias refletida no espelho se alto seduzia, mesmo que listasse antes das qualidades, todos os defeitos e manias, era virtuosa quando se tratava de honestidade.

Tantos eram os desejos que passeavam na sua janela e na cama as suas entranhas gozava de tremores de excitação.

Sim, uma Afrodite apaixonante, pena que não apaixonada. De tudo que constatava ser absoluto, a verdade mais lúcida era a de que seu copo não estava cheio, e se ela transbordava era gastando todo bálsamo da própria natureza.

O ideal talvez era que alguém com esse tônico maravilhoso para ser brilhante, pudesse encontrar a felicidade bastando-se. Mero engano, humanos foram criados para partilhar, viver em comunhão.

Quando compreendeu que estava na hora de encontrar a sua essência, a vida parecia piedosa, mas o tempo foi implacável, e a dama iluminada pagou um preço muito alto por não despejar coragem suficiente no copo que permaneceu meio, apesar daquela mulher transbordar quase sempre.

CarlaBezerra

Divina Flor
Enviado por Divina Flor em 26/06/2020
Reeditado em 19/07/2020
Código do texto: T6988809
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