Bar Inesquecível
NESTE Retiro tenho recebido muitos telefonemas de amigos das minhas duas pátrias, Pesqueira, A Atenas do Sertão e Arcoverde, a Terra do Cardeal. É isso, é luxo ter duas párias. Em Arcoverde nasci e vive a infância e adolescência, com 21 anos foi adotado por Pesqueira. Conheço as duas como as palmas de minhas mãos. Juro.
Ontem recebi um telefonema de um desses amigos, de Arcoverde. Conversamos quase uma hora. Em dado momento ele me perguntou qual o local de Arcoverde que nunca esqueci, o local folclórico, claro.Respondi na hora que nem caldo de cana: O Bar de Noé. Não existe mais, é uma pena. Era o bar mais ujo do mundo. O próprio proprietário reconhecia isso, mas era muito frequentado. Quem conheceu a Arcoverde até os anos sessenta lembra desse bar. As paredes eram cheias de letreiras, frases pintadas pelo dono, tinha um velho rádio do tempo da guerra.Além de bebidas havia comidas, sorvetes e picolés. Naquela base, tão ligados? Mas lembrei de dois fatos que nunca esqueci desse bar,recontei ao amigo e ele engasgou de rir.
O primeiro foi quando Seu Noé resolveu, pasmem, vender carne no bar. Colocou uma espécie de balcão logo na entrada onde colocava as carnes, as moscas zoando em cima. Mas arretado foi o cartaz que botou nesse balcão com os preços das carnes: Carne com osso: oito mil réis. IDEM SEM IDEM: DEZ MIL RÉIS. O segundo fato foi o novo mictório. Vejam bem,o sanitário estava tão imundo que o dono resolveu lacrá-lo, emparedou, destruiu. Então mandou cavar um buraco fundo no final do bar, escondido. Dentro do buraco botou uma tora de maneira inclinada e pregou nela um cartaz: MIJE NO PÉ DO PAU. NÃO CAGUE QUE É PERIGOSO.
Saudade do Bar de Noé. Inté.