Saímos para caminhar

Nesta loucura de pandemia saímos para caminhar. Liguei para minha amiga e aquela caminhada que sempre marcávamos, mas nunca acontecia ficou de acontecer. Perdi o horário como de costume e fomos um pouquinho mais tarde perto das sete da noite.

Fui com minha bicicleta e chamei no portão dela. E lá veio ela toda arrumada que nem parecia que estávamos ali para caminhar, não posso dizer nada, pois também não estava nos meus melhores trajes de fazer exercício.

Deixei a bicicleta na casa dela guardada, e ela pegou seu filho de 4 anos. Ele pegou sua bicicletinha e foi a nossa frente pedalando enquanto íamos atrás caminhando e conversando. Eu de máscara e minha amiga tentando se adaptar a dela. Diz que se sente sufocada com aquilo no rosto. Não posso condená-la, sonho com o dia em que poderemos andar tranquilamente nas ruas sem ter uma máscara presa ao nosso rosto.

Mas, de tanto usar a minha às vezes até esqueço que estou com ela, acho que já se incorporou ao meu rosto.

Enquanto caminhávamos vimos crianças brincando na rua, a velha vida parecia de volta ali, “livre” do perigo do vírus. Os estabelecimentos já estavam funcionando, caminhões de carga abastecendo o mercado com engradados de refrigerantes. Pessoas soltando bombinhas na rua, pois estava perto do dia de São João.

Senti falta daquela velha normalidade e rimos bastante ao lembrar nossos dias felizes no trabalho. Como era bom e a gente não sabia.

Como a gente ria ao fim de cada expediente. Como sentimos falta de uma amiga que não pode caminhar conosco devido à distância.

No caminho passamos por tantas ruas. Trouxemos tantas memórias. Falamos sobre Deus. Tanta coisa boa! Talvez trechos das nossas conversas possam virar alguma crônica aqui.

Terminamos nossa caminhada. E marcamos de sair outro dia. Não sei se faço certo ou não. Só sei que cuidar da saúde mental faz tão bem quanto cuidar da saúde física.