Sabotado por quem

Hoje era para ser o dia

Vou ter que acabar bolando outro plano. A data finalmente chegou, mas não está sendo como o planejado. Mas e se for para ser assim, desse jeito ou da forma como não tem que acontecer. Tenho que ter certeza quanto aos planos, como quem eu posso ou não contar e se devo me preocupar para não me danificar, estragar ou acabar caindo em mais uma decepção.

Ai se eu pudesse voltar no tempo, talvez poderia fazer com que as coisas mudassem ou simplesmente deixaria como estão. Mas o presente está sendo tão incerto quanto o futuro. Se tenho decisões para tomar e escolhas para fazer, não posso ter como me arrepender depois e nem ao relento ceder.

Sinto que estou no escuro sendo guiado por uma luz ao fundo. Só aquilo me mantém enxuto. Nada passa e nada vem com tamanho barulho. Ai, ai, aí vem eu com minhas mãos por cima do murro. Se irei pular ou não, se irei deitar ou não, se irei mudar ou não, será tomando a minha própria decisão.

Irei repetir frases e as largar ao vento. Devo estar correndo atrás do que desejo ou devo esperar o que anseio de costas ao que vejo no espelho. Devo tomar medidas e esperar que minhas próximas consequências de ações e decisões sejam coerentes com o que mantive e mantenho em mente. O tempo, é claro, que não irá voltar, mas se eu me autosabotar, não terei mais ninguém para amar, lutar e desejar.

Não sou um tolo por pensar nisto e nem sou imaturo por sentir o que sinto. Se quero que as luzes estejam apagadas, será pela luz dos outros e do que vejo que me manterei conectado ao que me mantém aceso. Se eu chegar ao final do dia e ainda estiver em agonia, não terei outra escolha a não ser voltar para onde comecei, voltar de onde parti e esperar que ainda exista o lugar onde surgi.

Mas isto também é agora impossível. Estou apagado e em constante vertigem me pego abrindo caminhos para novos inquilinos. É certo que o agora ainda me manterá no escuro e somente vendo a luz distante é que serei capaz de ultrapassar o que me manteve bem perto de um pulo. Um salto para o além e para o caos ou novamente para um antigo escuro.

A ansiedade me aflora agora e me pego estando trancado do lado de fora. Meu cheiro não é mais o mesmo e os passo que deixei na areia não irão me levar ou me tirar as incertezas que cultivei ao longo da vida. O sol ainda queima meus olhos e além de clarear o quarto, vejo que não existem mais peixes no meu aquário.

Hoje era para ser o dia em que planos se realizam. Memórias que conquistei se perderam em delitos que delatei. Voltando assim para o tempo em que planejei, esperei e pensei. Não importa mais se é dia ou noite, se o céu está claro ou escuro. A única claridade que vejo está para além dos meus muros.

iaGovinda
Enviado por iaGovinda em 25/06/2020
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