SER MÉDICO

Ser médico é a condição física de estar sendo superior no instante em que cuida do paciente, quer na consulta terapêutica, na consulta curativa ou nos procedimentos cirúrgicos. Está nas suas mãos amenizar o sofrimento, atenuar as dores ou mesmo promover a cura dos males da carne e da mente das criaturas de Deus. Os médicos existem porque nem só de fé vivem os homens mas também de cuidados físicos para suas imperfeições materiais.
Ser médico é a condição espiritual de promover alívio e alento ao espírito no instante que trata a carne. É restaurar a sanidade e a esperança por meios medicamentosos e clínicos para que o irmão acometido sinta-se reconfortado e confiante na sua jornada. No momento em que cuida de seu paciente, suas mãos estão sendo conduzidas por entidades superiores e inteligentes que dele se utiliza como instrumento de cura e de conforto.
Ser médico é um dom nato que poucos trazem consigo desde a concepção. É como uma missão a qual não podem negar-se a cumprir. Por suas mãos passam criaturas portadoras de doenças adquiridas ou congênitas que necessitam de cuidados na vida física, senão para a cura mas pelo menos para controle que possibilite sua caminhada terrena.
Ser médico é como um sacerdócio, que muitas vezes o impede de realizar seus interesses em detrimento da profissão abraçada. E se escolheu ser médico, não foi convenientemente por mera escolha mas sim por predestinação, portanto tem em suas mãos uma responsabilidade inimaginável que é o dom da cura. Ao escolher ser médico presta o juramento de Hipócrates, assume perante si e a sociedade cumprir com veemência e responsabilidade a conduta para a qual foi preparado, responsabilizando-se perante todos e à sua consciência sobre quaisquer condutas que o desabone.

JURAMENTO DE HIPÓCRATES
"Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higeia e Panacea, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva. Conservarei imaculada minha vida e minha arte. Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.
Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados. Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça".

No entanto, como em todo ramo da sociedade, existem sempre aqueles que prezam os seus interesses pessoais e se deixam enlevar pela ganância, esquecendo-se do juramento que fizeram e buscando na dor e sofrimento do próximo uma maneira de enriquecimento material ao qual muitas vezes sequer conseguem usufruir na sua totalidade. Estes são os que confundiram o Juramento de Hipócrates com “Juramento de Hipócritas”. A estes, a minha compaixão e minha piedade.
Aos demais que se conduzem de forma reta na obstinada conduta da abençoada profissão que abraçaram, meus parabéns pelo seu dia e que Deus esteja sempre com todos nos seus momentos de trabalho e de ajuda ao próximo.

* Esta crônica está no livro "Ponto de Vista" a ser lançado brevemente com artigos, contos e crônicas. É proibida a cópia ou a reprodução sem a minha autorização. Visite o meu site:
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Valdir Barreto Ramos
Enviado por Valdir Barreto Ramos em 17/10/2007
Reeditado em 17/10/2009
Código do texto: T698794
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