O apóstolo diferente
1. Não sei por que a noite dos santos Pedro e Paulo não tem festejos iguais aos da noite do santo João, o Precursor. Não tem o foguetório e nem as saborosas guloseimas da noite são-joanina. Nem quadrilhas e nem forrós. É uma noite quase igual às outras. Salvo em alguns recantos deste alegre nordeste.
2. Na História da Igreja, os apóstolos Pedro e Paulo, cada qual no seu tempo, desempenharam papéis iguais ou até mais importantes do que o estranho filho de Isabel e Zacarias. Com essa observação, longe de querer tirar o valor histórico e teológico do santo do carneirinho, o anunciador da vinda de Jesus, seu primo.
3. Isso não me impede de continuar perguntando por que tanto foguetório e tanta comida na noite do nascimento de São João e na noite de São Pedro, nada. Segundo relatos, João Batista era um pessoa recolhida, escondida. Vivia no deserto comendo gafanhotos e bebendo mel silvestre. Não era, pois, dado a estrepitosas festas.
4. Paulo, mais culto e respeitado missionário, aparece mais do que Pedro. Por isso, resolvi falar um pouco do pescador de Cafarnaum, um apóstolo deferente. Diferente? Sim. Tudo o que até hoje se escreveu sobre ele, dá Pedro como uma pessoa de temperamento difícil, às vezes contraditório, e, ao mesmo tempo cordato e líder.
5. Alguns exemplos. Amigo de Jesus, não hesitou em negar que conhecia o Mestre, após sua prisão que testemunhou. Interpelado, disse: "Não sei que estás falando" - Mt 26,70. Para afirmar, em outra ocasião: "Senhor, tu sabes tudo: tu sabes que te amo", isso depois de interpelado pelo Rabino, por três vezes: "Tu me amas?" - Jo 21,15-19.
6. E a orelha de Malco? "... estendendo a mão, desembainhou a espada e , ferindo o servo do Sumo Sacerdote, decepou-lhe a orelha", episódio narrado pelos evangelistas João (18,10) e Mateus (26,51). Um apóstolo impetuoso, destemido, diferente, portanto.
7. A escritora Helene Hoerni-Jung, no seu livro "Pedro - O Apóstolo Desconhecido", ressalta: "Pedro é sempre temperamental e vibrante, mas corre o perigo, no entanto, por falar e agir sem pensar". E adianta: "Pedro não é apresentado como exemplo, mas sim como um homem que comete erros como todos nós. Sim, e às vezes parece que o diabo lhe sopra algo".
8. Completa a escritora: "Mesmo assim, Jesus o chama".
9. E eu digo: mesmo assim, o Mestre confiou-lhe as chaves do céu - "Et tibi dabo claves regni coelorum". E muito mais: edificou sua Igreja tendo-o como base, sustentáculo, suporte - "Tu es Petrus, et super hanc petram aedificabo Eccleiam meam" - Tu es Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja".
10. Escrevi pouquíssimo sobre Pedro, o apóstolo diferente. Chego, porém, ao que queria, ou seja, sugerir que os festejos das noites joaninas se estendam às noites petrinas, e com a mesma intensidade.
De repente - perdoem a brincadeira - de repente o sisudo apóstolo Pedro, imprevisível como foi, cai nos braços do forró, o que João Batista dificilmente o faria.
1. Não sei por que a noite dos santos Pedro e Paulo não tem festejos iguais aos da noite do santo João, o Precursor. Não tem o foguetório e nem as saborosas guloseimas da noite são-joanina. Nem quadrilhas e nem forrós. É uma noite quase igual às outras. Salvo em alguns recantos deste alegre nordeste.
2. Na História da Igreja, os apóstolos Pedro e Paulo, cada qual no seu tempo, desempenharam papéis iguais ou até mais importantes do que o estranho filho de Isabel e Zacarias. Com essa observação, longe de querer tirar o valor histórico e teológico do santo do carneirinho, o anunciador da vinda de Jesus, seu primo.
3. Isso não me impede de continuar perguntando por que tanto foguetório e tanta comida na noite do nascimento de São João e na noite de São Pedro, nada. Segundo relatos, João Batista era um pessoa recolhida, escondida. Vivia no deserto comendo gafanhotos e bebendo mel silvestre. Não era, pois, dado a estrepitosas festas.
4. Paulo, mais culto e respeitado missionário, aparece mais do que Pedro. Por isso, resolvi falar um pouco do pescador de Cafarnaum, um apóstolo deferente. Diferente? Sim. Tudo o que até hoje se escreveu sobre ele, dá Pedro como uma pessoa de temperamento difícil, às vezes contraditório, e, ao mesmo tempo cordato e líder.
5. Alguns exemplos. Amigo de Jesus, não hesitou em negar que conhecia o Mestre, após sua prisão que testemunhou. Interpelado, disse: "Não sei que estás falando" - Mt 26,70. Para afirmar, em outra ocasião: "Senhor, tu sabes tudo: tu sabes que te amo", isso depois de interpelado pelo Rabino, por três vezes: "Tu me amas?" - Jo 21,15-19.
6. E a orelha de Malco? "... estendendo a mão, desembainhou a espada e , ferindo o servo do Sumo Sacerdote, decepou-lhe a orelha", episódio narrado pelos evangelistas João (18,10) e Mateus (26,51). Um apóstolo impetuoso, destemido, diferente, portanto.
7. A escritora Helene Hoerni-Jung, no seu livro "Pedro - O Apóstolo Desconhecido", ressalta: "Pedro é sempre temperamental e vibrante, mas corre o perigo, no entanto, por falar e agir sem pensar". E adianta: "Pedro não é apresentado como exemplo, mas sim como um homem que comete erros como todos nós. Sim, e às vezes parece que o diabo lhe sopra algo".
8. Completa a escritora: "Mesmo assim, Jesus o chama".
9. E eu digo: mesmo assim, o Mestre confiou-lhe as chaves do céu - "Et tibi dabo claves regni coelorum". E muito mais: edificou sua Igreja tendo-o como base, sustentáculo, suporte - "Tu es Petrus, et super hanc petram aedificabo Eccleiam meam" - Tu es Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja".
10. Escrevi pouquíssimo sobre Pedro, o apóstolo diferente. Chego, porém, ao que queria, ou seja, sugerir que os festejos das noites joaninas se estendam às noites petrinas, e com a mesma intensidade.
De repente - perdoem a brincadeira - de repente o sisudo apóstolo Pedro, imprevisível como foi, cai nos braços do forró, o que João Batista dificilmente o faria.