"COM QUE ROUPA EU VOU"
1---A MUSA E A MODA DE 59 - Figurinos mensais nas bancas de revista: moldes, sugestões de modelo-tecido-cores. 1959. ELA era revisora numa grande gráfica, mais conhecida como "lista" (editavam catálogos telefônicos para o Brasil todo). Certa manhã, aviso geral: "Reunião para todos os chefes" /chefas jamais numa empresa conservadora/. Depois, uns voltaram rindo e dando parabéns a ELA, Geminiana, e o dia não era 30 de maio - "Venceu por unanimidade, garota!"; outros, enfezadinhos, "Ora, perdermos tempo com bobagem de mocinha"... Muito simples. Embora sobrinha-bisneta de famosa modista dos tempos imperiais, conseguiu errar no comprimento da saia, sem entender de imediato porque na rua as pessoas mais velhas, desconhecidas, sacudiam a cabeça em tom de censura. Teriam que decidir: suspensão, um ou dois dias em casa sem honorários, trocá-la para um departamento rude? Mostrar o joelho era uma ousadia, mas já começaria aqui o poder feminino. Então, combinava com sapatos estilo boneca. Não tinha: comprou. Logo, anos 60: mulher livre e destemida.
2---AS MUSAS E A MODA DE 68 - Elegância e ousadia para a época. Looks revolucionários. Lançadas há apenas 4 anos a pílula anticoncepcional nos States e a minissaia criada na Inglaterra. Hits das marcas históricas: vestido trapézio, minissaia, sapato boneca... (Hoje, para quem quer fazer apoteose, homem ou mulher, camisetinhas amarelo-canário ou bandeira vermelha. E para quem for ambidestro ou indeciso, duas diferentes metades horizontais ou verticais?!...) O 'dressmode' das passeatas em 1968 de artistas contra a censura do governo era mais elegante, homens sérios com 'gumex' nos cabelos, mulheres engajadas na luta e na moda com penteados impecáveis cheios de laquê. Formalidade, antítese da ditadura do jeans universal (ou short) e das camisetas. Fotógrafos
retrataram o período.
FONTE para memória e inspiração:
Coluna de MARINA CARUSO - Rio, jornal O GLOBO, 5/5/18.
F I M