Aquela dor no abdômen, estava incomodando sobremaneira. A julgar por sua saúde, ficou extremamente nervoso com a cólica que sentia há alguns dias. E assim, embora tivesse utilizado de paliativos tais como, chás e analgésicos para amenizar o problema, acreditando a princípio, que eram gases, nada melhorava a situação, então supôs que estivesse com apendicite.
Em uma noite de agonia decidiu ir ao hospital mais próximo na companhia da esposa, que tentava acalmá-lo o tempo todo.
Gotas de suor corriam por sua testa, enquanto a moça do balcão de atendimento pegava seus dados.

– O senhor será atendido em instantes. Informou ela, concluindo o serviço.
 

A espera não demorou mais que dez minutos, mas, pareceu uma eternidade. A esposa o acompanhou ao consultório, onde foram recebidos por um simpático clínico geral, e que não devia ter mais que quarenta anos.

– Vejo aqui que sua queixa é uma dor abdominal. Então, tenho que examiná-lo. Deite-se ali, por favor. O profissional apontou uma maca à sua direita.
– Doutor, é apendicite, tenho certeza! Como resposta, o médico apenas sorriu.

Após o exame, encerrou a consulta, solicitando alguns exames de laboratório que deveriam ser feitos de imediato.
Algum tempo depois, o sofredor voltou ao consultório com os resultados.
Após verificar todos eles, o clínico falou:

– Você tem uma hérnia abdominal, e o curioso é que você não tem mais o apêndice, então não pode ser apendicite, como pensava ser.

Surpreso com a revelação, de súbito lembrou da única cirurgia que havia feito quando era adolescente. Então, provavelmente, retirara o dito cujo naquele fatídico dia. E não entendia a razão de achar que ainda o tinha em seu corpo.

– Vai precisar operar. Concluiu o especialista.
 

A caminho do estacionamento, a surpresa ainda o acompanhava, pois, mesmo depois de tantos anos, achou que aquela operação tinha sido a remoção de uma hérnia e não do apêndice, e agora, acontecia exatamente o inverso.