Auto-suficiência
Ao invés de se usar a palavra “emancipada(o)” ou se acudir da panfletária e apregoada “independência”, ou ainda alusões quase sempre exageradas como “eu faço o que quero”, ou por outra, a choramingada expressão “não se pode ter tudo”, prefiro a, aparentemente prepotente, palavra “auto-suficiência”. Creio que esta última condensa de forma realista e madura a situação ideal de um indivíduo em sociedade. Pode sim, dar a impressão de que a busca pela auto-suficiência é utópica. Que literalmente ninguém jamais será. Mas é de posse dessa consciência que se dão passos no sentido de tal conquista, pois sem saber dos próprios limites não se pode engendrar planos “B” para se socorrer nos momentos de uma dependência planejada.
Durante muito tempo muita gente se casou para que a outra pessoa fizesse por ela aquilo que ela mesma não queria, poderia ou deveria. Mesmo considerando as interdependências que a vida em comum impõe, convenhamos que isso não seja razão para se casar. Mas é o que ainda acontece. Resultado: acaba-se por aprender dentro do casamento aquilo que jamais se aprenderia sem a dita cuja situação.
E isso serve para todas as outras iniciativas que visem uma situação mais próxima da plenitude. Quem sabe lavar, passar, cozinhar, comprar/alugar imóveis, ir ao supermercado, fazer declaração de renda, matrículas e burocracias em geral, além de dirigir e lidar com informática, tratará das outras questões com um pé nas costas. Ainda que estas estejam refesteladas num divã de terapia, porque se ainda assim, não se consegue estar bem consigo... Paciência...