UMA LINDA HISTÓRIA DE AMOR: TIC – TAC; TIC – TAC...
...O estridente soar da sirene de uma ambulância quebra o silêncio que, até então, reinava dentro do hospital. Era a rotina hospitalar que, mais uma vez, era quebrada. Por ele passam paciente numa maca e enfermeiros que já lhe prestavam os primeiros socorros. De soslaio, ele olha aquela plêiade de profissionais da saúde que lutam na tentativa de mais uma vida salvar.
Assentado a uma cadeira ele sente a cabeça pender pelo peso que nela se encontrava. Apoia os cotovelos sobre os joelhos. As mãos abarcam o já cansado rosto que é, por elas, seguro. As palavras ditas pelo médico eram lacônicas, e este era o peso maior que estava suportando:
-Lamentamos, sobremaneira. Em se tratando de ciência médica, todos os esforços – tudo o que fora preciso e possível fazer, fora feito.
Ainda, e sem acreditar no pior, implora:
-Por favor..., minha esposa é, ainda, muito jovem. Faça mais alguma tentativa, doutor! Pede, entre lágrimas, o senhor Roberto!
-Sinto muito – afirmava o prestativo médico. Nada mais podemos fazer pela sua esposa! Não podemos afirmar Sr. Roberto – a não ser que haja um milagre – mas, a senhora sua esposa tem pouco tempo de vida. O seu fraco coração não resistirá nem mesmo até o amanhecer. Peço-lhe desculpas pela minha franqueza, mas, não posso, e nem é justo, alimentar as suas débeis esperanças. O senhor deve ser forte, apegar-se a Deus e orar para que Ele – em sua suprema graça – possa lhe devolver, com vida, a sua esposa. Somente Ele poderá ajudá-la – ajudá-lo!
O enervante “tic-tac”, “tic-tac”, “tic-tac” do relógio pendurado na parede o atormentava. Os seus pensamentos retrocedem no tempo, no exato momento em que a sua esposa lhe avisava:
- Amor... não estou me sentido bem!
- O que houve querida? – quis saber!
Não houve resposta à sua pergunta. Ele nota que os seus olhos estão semicerrados. Ela queda perigosamente! Ele a ampara! Tendo-a nos braços – nota que ela desmaiara. Desesperado, liga para a emergência hospitalar. A sua aflição por um rápido atendimento faz-lhe imaginar que o tempo parou; que tudo está atrasado; que a ambulância deveria ter a velocidade da luz; ser mais rápida nos seus atendimentos.
O esperado atendimento, finalmente, chega! A sua esposa é, de imediato, colocada em uma maca onde começa a receber os primeiros socorros dos paramédicos.
O tic-tac, tic-tac… enervante do relógio à sua frente, alçado na parede, o faz lançar, em pensamento, um pedido à máquina:
-“Reloj no marques las horas / Porque voy enloquecer!” (...)
A fria máquina – inerte e enervante – não o ouve. Ele relembra que, antes, a máquina marcava o mesmo tempo. Todavia, ele julgava que o tempo – nas suas elucubrações – havia parado; que tudo andava lento enquanto aguardava a chegada da ambulância. Agora – e desesperado pela triste notícia recebida –, ele queria que o tempo parasse, estagnasse. Não! O tempo não para! Dizem da existência de três tempos: passado, presente e futuro – ledo engano! Verbais, sim! Na realidade, somente dois tempos existem: o passado e o futuro. O tempo presente é tão efêmero que morre ao nascer. Em um átimo de um milionésimo de segundo, o presente se esvai e, o que é pior – não retorna! Ele, o indelével tempo – que se dizia ser o presente – é, agora, um mero e efêmero passado sem retorno!
Ele sabia que: “Ella se ira para siempre!” “Cuando amanezca otra vez!” E que: “No más nos queda esta noche!” “Para vivir nuestro amor!” “Y su tic-tac me recuerda / Mi irremediable dolor!” E ele, ainda, implora à máquina: -“Reloj detén tu caminho!” “Porque mi vida se apaga!” (...)
A máquina, todavia, não o ouve. Ela, somente, se faz escutar com o seu enervante, ritmado, e indefectível “tic-tac”, “tic-tac!”... Entre lágrimas – e mesmo sabendo que não será atendido – ele tenta ser entendido, dizendo:
-“Ella es la estrela!” “Que alumbra mi ser!” “Yo, sin tu amor, no soy nada!”.
A impassível máquina segue no seu martelar marcador do tempo: “Tic-tac”, “tic-tac”, “tic-tac” (...). Ele – sabendo que aquela seria a última noite de vida da sua amada esposa – grita, na esperança de que a máquina o ouça e faça parar o tempo. Queria que aquela noite se perpetuasse. Queria que nunca amanhecesse: -“Detén el tiempo en sus mãnos!” “Has esta noche perpetua!” “Para que nunca se vaya de mí!” “Para que nunca amanezca!”
O tempo não para. O milionésimo átimo de segundo passado, passado é – não há retorno! O sol desponta no horizonte e vai encontrar um homem com o coração ferido, assentado numa poltrona do corredor hospitalar. A madrasta noite é expulsa pelo alvorecer de um novo dia – amargo dia! A madrugada vai se esvaindo no éter levando para os céus a sua esposa amada!
O relógio não fora capaz de controlar – parar o tempo! E, por isso, nada mais resta, a não ser a dor – incontrolável dor pela perda da amada esposa!
Na parede, o relógio continua no seu indefectível “tic-tac!”; “tic-tac!” E ele parece nos dizer que a vida continua: “tic-tac!”; “tic-tac!!”; “tic-tac!”; “tic-tac!”.
EL RELOJ
Roberto Cantoral Garcia
Reloj no marques las horas,
Porque voy a enloquecer.
Ella se ira para siempre,
Cuando amanezca otra vez.
No más nos queda esta noche
Para vivir nuestro amor
Y su tic-tac me recuerda
Mi irremediable dolor
Reloj detén tu caminho,Porque mi vida se apaga
Ella es la estrela
Que alumbra mi ser
Yo sin su amor no soy nada
Detén el tempo en sus manos
Has esta noche perpetua
Para que nunca se vaya de mí
Para que nunca amanezca.
O grande compositor Roberto Cantoral, que era mexicano, encontrava-se em um hospital na Espanha – onde sua esposa se encontrava internada – quando os médicos lhe disseram que “a ciência já havia feito todo o possível por ela e que a mesma, provavelmente, não passaria daquela noite.”.
Na parede do hospital havia um relógio que testemunhou esta notícia trágica e, daí, nasceu esta linda canção de amor intitulada El Reloj. É, também, de autoria de Roberto Cantoral a música La Barca!
Notas do autor!
...O estridente soar da sirene de uma ambulância quebra o silêncio que, até então, reinava dentro do hospital. Era a rotina hospitalar que, mais uma vez, era quebrada. Por ele passam paciente numa maca e enfermeiros que já lhe prestavam os primeiros socorros. De soslaio, ele olha aquela plêiade de profissionais da saúde que lutam na tentativa de mais uma vida salvar.
Assentado a uma cadeira ele sente a cabeça pender pelo peso que nela se encontrava. Apoia os cotovelos sobre os joelhos. As mãos abarcam o já cansado rosto que é, por elas, seguro. As palavras ditas pelo médico eram lacônicas, e este era o peso maior que estava suportando:
-Lamentamos, sobremaneira. Em se tratando de ciência médica, todos os esforços – tudo o que fora preciso e possível fazer, fora feito.
Ainda, e sem acreditar no pior, implora:
-Por favor..., minha esposa é, ainda, muito jovem. Faça mais alguma tentativa, doutor! Pede, entre lágrimas, o senhor Roberto!
-Sinto muito – afirmava o prestativo médico. Nada mais podemos fazer pela sua esposa! Não podemos afirmar Sr. Roberto – a não ser que haja um milagre – mas, a senhora sua esposa tem pouco tempo de vida. O seu fraco coração não resistirá nem mesmo até o amanhecer. Peço-lhe desculpas pela minha franqueza, mas, não posso, e nem é justo, alimentar as suas débeis esperanças. O senhor deve ser forte, apegar-se a Deus e orar para que Ele – em sua suprema graça – possa lhe devolver, com vida, a sua esposa. Somente Ele poderá ajudá-la – ajudá-lo!
O enervante “tic-tac”, “tic-tac”, “tic-tac” do relógio pendurado na parede o atormentava. Os seus pensamentos retrocedem no tempo, no exato momento em que a sua esposa lhe avisava:
- Amor... não estou me sentido bem!
- O que houve querida? – quis saber!
Não houve resposta à sua pergunta. Ele nota que os seus olhos estão semicerrados. Ela queda perigosamente! Ele a ampara! Tendo-a nos braços – nota que ela desmaiara. Desesperado, liga para a emergência hospitalar. A sua aflição por um rápido atendimento faz-lhe imaginar que o tempo parou; que tudo está atrasado; que a ambulância deveria ter a velocidade da luz; ser mais rápida nos seus atendimentos.
O esperado atendimento, finalmente, chega! A sua esposa é, de imediato, colocada em uma maca onde começa a receber os primeiros socorros dos paramédicos.
O tic-tac, tic-tac… enervante do relógio à sua frente, alçado na parede, o faz lançar, em pensamento, um pedido à máquina:
-“Reloj no marques las horas / Porque voy enloquecer!” (...)
A fria máquina – inerte e enervante – não o ouve. Ele relembra que, antes, a máquina marcava o mesmo tempo. Todavia, ele julgava que o tempo – nas suas elucubrações – havia parado; que tudo andava lento enquanto aguardava a chegada da ambulância. Agora – e desesperado pela triste notícia recebida –, ele queria que o tempo parasse, estagnasse. Não! O tempo não para! Dizem da existência de três tempos: passado, presente e futuro – ledo engano! Verbais, sim! Na realidade, somente dois tempos existem: o passado e o futuro. O tempo presente é tão efêmero que morre ao nascer. Em um átimo de um milionésimo de segundo, o presente se esvai e, o que é pior – não retorna! Ele, o indelével tempo – que se dizia ser o presente – é, agora, um mero e efêmero passado sem retorno!
Ele sabia que: “Ella se ira para siempre!” “Cuando amanezca otra vez!” E que: “No más nos queda esta noche!” “Para vivir nuestro amor!” “Y su tic-tac me recuerda / Mi irremediable dolor!” E ele, ainda, implora à máquina: -“Reloj detén tu caminho!” “Porque mi vida se apaga!” (...)
A máquina, todavia, não o ouve. Ela, somente, se faz escutar com o seu enervante, ritmado, e indefectível “tic-tac”, “tic-tac!”... Entre lágrimas – e mesmo sabendo que não será atendido – ele tenta ser entendido, dizendo:
-“Ella es la estrela!” “Que alumbra mi ser!” “Yo, sin tu amor, no soy nada!”.
A impassível máquina segue no seu martelar marcador do tempo: “Tic-tac”, “tic-tac”, “tic-tac” (...). Ele – sabendo que aquela seria a última noite de vida da sua amada esposa – grita, na esperança de que a máquina o ouça e faça parar o tempo. Queria que aquela noite se perpetuasse. Queria que nunca amanhecesse: -“Detén el tiempo en sus mãnos!” “Has esta noche perpetua!” “Para que nunca se vaya de mí!” “Para que nunca amanezca!”
O tempo não para. O milionésimo átimo de segundo passado, passado é – não há retorno! O sol desponta no horizonte e vai encontrar um homem com o coração ferido, assentado numa poltrona do corredor hospitalar. A madrasta noite é expulsa pelo alvorecer de um novo dia – amargo dia! A madrugada vai se esvaindo no éter levando para os céus a sua esposa amada!
O relógio não fora capaz de controlar – parar o tempo! E, por isso, nada mais resta, a não ser a dor – incontrolável dor pela perda da amada esposa!
Na parede, o relógio continua no seu indefectível “tic-tac!”; “tic-tac!” E ele parece nos dizer que a vida continua: “tic-tac!”; “tic-tac!!”; “tic-tac!”; “tic-tac!”.
EL RELOJ
Roberto Cantoral Garcia
Reloj no marques las horas,
Porque voy a enloquecer.
Ella se ira para siempre,
Cuando amanezca otra vez.
No más nos queda esta noche
Para vivir nuestro amor
Y su tic-tac me recuerda
Mi irremediable dolor
Reloj detén tu caminho,Porque mi vida se apaga
Ella es la estrela
Que alumbra mi ser
Yo sin su amor no soy nada
Detén el tempo en sus manos
Has esta noche perpetua
Para que nunca se vaya de mí
Para que nunca amanezca.
O grande compositor Roberto Cantoral, que era mexicano, encontrava-se em um hospital na Espanha – onde sua esposa se encontrava internada – quando os médicos lhe disseram que “a ciência já havia feito todo o possível por ela e que a mesma, provavelmente, não passaria daquela noite.”.
Na parede do hospital havia um relógio que testemunhou esta notícia trágica e, daí, nasceu esta linda canção de amor intitulada El Reloj. É, também, de autoria de Roberto Cantoral a música La Barca!
Notas do autor!
Altamiro Fernandes da Cruz