Estamos em crescente evolução em todas as áreas. A tecnologia abriu caminhos antes nunca pensados e proporcionou uma espécie de superação incondicional. Fato é que, nesse contexto, os conceitos, os valores e os princípios também incorporaram essa mutação.
Há bem pouco tempo a mulher era subjugada, sendo apenas uma sombra do gênero masculino que, detentor do status de progenitor, podia participar dos processos de discussão, sendo a eles restritas, as participação nos processos políticos.
O próprio código civil de 1916 via a mulher em segundo plano. A tão almejada emancipação feminina não é só uma visão contextual, mas uma constatação, assistida nas estatísticas que, provam a sua intensa inserção no mercado de trabalho e a alteração nos conceitos de família, onde hoje, exerce um papel de construtora e não de mera coadjuvante.
Mas e daí? Será que toda mulher quer verdadeiramente disputar os espaços com o gênero oposto ou existe alguma que prefere ser considerada a Amélia, a mulher de verdade, sem nenhuma vaidade, disposta a permanecer feliz na simples participação familiar?
Conheci Eliana, que chorosa contava os desafios da vida dois. Casada há 12 anos, mãe de três filhos e do lar. Falava de si como quem tivesse perdido tudo que pudesse alavancar a sua ascensão, afinal, a materialidade da realização social também perpassa pela utilidade e pela capacidade de desenvolver ações financeiras, não por vontade própria, mais pela exigência social ancorada no capitalismo que coloca a disputa em primeiro plano.
Ela disse que divide seu dia numa rotina descritiva desenhada no planer, não seria ela uma secretária executiva com atribuições, entre elas, a de planejar estrategicamente a agenda dos sócios familiares?
Que leciona todas as matérias para os filhos em horários diversos, individualmente, montando gráficos, criando mapas mentais, e outros. Uma baita PHD em processos pedagógicos de construção de educação e conhecimento com atendimento domiciliar?
Que lava, passa, cozinha, faz supermercado, leva no ballet, no médico, na escola... Uma especialista em logística e serviços gerais?
Enfim, apresentou-se como dona de casa, tom baixo, como quem tivesse vergonha de não ter seguido adiante com a advocacia. 
Enquanto se escondia atrás do turbilhão de atividades que realizava desdenhando o próprio ofício, mal sabia ela que eu, a olhava pensando: ela caberia em qualquer cargo. Eu a contrataria! Mãe, mulher, e só dona de casa? Poxa, a concorrência é desumana! Coragem, determinação, resiliência e humildade. Tem qualidades que valem mais? Mas a maioria não está preparada para essa conversa. Não é? Ser dona do “negócio família” não dá status! 

 
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 18/06/2020
Reeditado em 18/06/2020
Código do texto: T6981256
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.