A Bola Azul
Era uma linda bola azul que vinha vagando no tempo.
Sua superfície era às vezes úmida, às vezes seca.
Nunca se soube ao certo de onde a bola veio.
Qual a sua origem? Qual o seu significado? – perguntavam.
Diziam uns que seria obra de um ser superior,
diziam outros que seria obra do acaso.
O fato é que vagava há muitos e muitos séculos.
O tempo parece lento quando é grande.
Imagina um tempo imenso.
Parece infinito.
Mas não é.
Um dia a bola azul, por estar perto de outra bola amarela e quente,
Foi adquirindo uma condição ideal de temperatura e de outras propriedades
E acabou criando limo e bolor nas partes secas.
As partes úmidas se encheram de seres estranhos.
A parte seca acabou sendo tomada por seres estranhos.
E aparecendo uma praga.
A praga pensava que a bola era só dela
E consumia os bolores, os limos.
E, voraz, atacava os outros seres estranhos e os consumia.
A praga começou a cavar as entranhas da bola azul.
Extraia sua seiva, seu sangue.
Enchia a superfície seca e a superfície úmida com seus detritos.
Locomovia-se por todas as partes da bola azul.
Não existia quase lugar algum que a praga não alcançasse.
Como o passar do tempo era lento,
A praga começou a pensar que era um ser superior,
Que a bola azul sempre existiria para lhe alimentar,
Que a bola amarela sempre existiria para lhe dar calor.
Mas não era assim.
A praga só estava ali temporariamente,
Embora o tempo lhe parecesse infinito.
A bola amarela iria um dia perder o calor.
E a bola azul...
Desapareceria...
De um jeito ou de outro.