UM JANTAR NO HYDE PARK

Em 2016 eu e Patrícia fomos a Londres. Na verdade fomos à Amsterdam , Londres , Lisboa e encerramos nosso passeio em Paris. Saliento nossa parada em Londres porque foi lá que aconteceu o que vou relatar nesse breve relato.

Então , depois de dois dias em Lisboa , mais alguns em Amesterdam terra das tulipas, dos diques e Dom Quixotes embarcamos para Londres. Já tínhamos estado por lá em 2011 , mas isto não diminuiu a ansiedade e a expectativa de rever uma cidade tão famosa e bonita.

Chegamos inteiros no Heathrow Airport , um dos aeroportos da cidade , num vôo que durou pouco mais de uma hora. Já passava do meio dia quando entramos no metrô com destino a Hyde Park Corner Station , estação do nosso hotel no Hyde Park , um parque gigantesco localizado no centro de Londres. O hotel ficava bem em frente ao parque.De nossa janela podíamos ver o Speak Corner , coisa de inglês , um canto no parque onde qualquer cidadão poderia fazer discursos sobre qualquer tema desde que não falasse mal do governo e nem da família real.

Deixamos nossa bagagem no quarto e fomos bater perna pela cidade. Queríamos rever a Abadia de Westminster e o Big Ben

Final da tarde quando voltamos passamos por uma loja de conveniências anexa a um posto de combustível. Encontramos em suas geladeiras paellas congelada que precisariam ficar apenas 2 minutos no micro-ondas e estariam pronta para comer. Mais prático que isso , nem miojo , impossível e por apenas 2 libras cada uma!

Poderíamos comer no hotel mesmo, sem precisar sair à noite , pois já estávamos cansados.

Havia apenas um porém. Onde iríamos preparar elas? Nosso quarto não tinha micro-ondas. Solução óbvia seria pedir para esquentá-las na cozinha do restaurante do hotel. Descemos, nós dois, com as paellas embaixo do braço

Fomos atendidos na recepção pela Fátima uma portuguesa de Cintra que morava em Londres fazia 4 anos , sorte nossa já que nosso inglês não funcionava muito bem fora do Brasil.

Atenciosamente ela falou que era só pedir para a atendente do restaurante , a Shirley , uma morena jambo , que acredito não ser inglesa embora falasse um inglês perfeito.

Depois de alguns “please” , “hots meat” e “heat foods” desencontrados Shirley compreendeu o que queríamos. Foi solicita embora não estivesse dando muita bola pra gente.

Estendeu a mão pedindo que entregássemos as duas paellas congeladas que ela levaria até a cozinha para prepará-las. Lembrei-a que eram apenas "two minutes". Ela me olhou como se eu tivesse falado o óbvio e respondeu perguntando:

- Can i put the two together? Respondi "yes" sem entender patavina do que ela disse.

Enquanto nossas paellas estavam sendo preparadas aguardamos em uma das mesas. O restaurante era chiquérrimo , tinha um piano de cauda num canto do enorme salão , o pianista de smoking tocava Bach , Chopin , Litzs.

Em dado momento chegou a tocar Garota de Ipanema em nossa homenagem. Será que foi porque eu estava com uma camisa da seleção brasileira?

Passado algum tempo Shirley aproxima-se e pergunta:

- Eant to eat in the restaurant or in the room?

Pra mim foi grego , mas a Patrícia me explica que ela queria saber se prefiriamos comer no quarto ou no restaurante mesmo.

- No restaurante - respondi , já com um certo ar londrino.

Ela volta para a cozinha e um garçom traz nossas duas paellas em dois pratos de porcelana inglesa (obviamente) coberto por uma tampa clouche de inox. Pedi duas taças de vinho branco para harmonizar.

Brindamos. Olhei pela janela do restaurante e observei o grande parque solene como um autêntico lorde inglês. Um ou outro esquilo corria pelas velhas árvores do bosque centenário.

Em Londres num restaurante em frente ao Hyde Park , escutando Tristesse de Chopin e saboreando uma paella de micro-ondas de 2 libras a unidade.

Isso é que é viver