O QUE VOCÊ FARIA?

Conheci Rafael na Itália, durante um congresso de medicina. Ele tinha acabado de se formar e estava empolgadíssimo, absorvendo cada palavra que os palestrantes diziam. Por acaso nos sentamos na mesma mesa na hora do almoço, naquele hotel confortável.

Eu já estava formada há alguns anos e ele era um novato, mas conversamos muito e a conversa fluía facilmente.

Ao final daqueles três dias eu ainda pretendia ficar mais uma semana a fim de conhecer melhor aquele país. Ele tinha passagem marcada para voltar ao Brasil dois dias depois, mas resolveu mudar a passagem para me acompanhar.

Fizemos vários passeios, tomamos vinho em vários lugares e, com o era natural, acabamos na cama.

Ele devia ter uns 24 anos e eu 28, mas isso não teve a menor importância. Ele aparentava mais por causa da barba negra que usava e eu era uma garota ainda, cheia de energia e alegria de viver. Não ficamos apaixonados, mas nos entendemos bem.

Quando chegamos ao Brasil continuamos a nos encontrar algumas vezes até que ele resolveu me convidar para jantar na casa dele. Ele morava com o pai e uma empregada, que fez um jantar delicioso.

Logo que eu cheguei e olhei o pai dele, senti um frio na espinha. O pai, Ernesto, era um jovem de uns 50 anos, cabelos começando a ficar grisalhos, uns músculos bem definidos e um sorriso que parecia iluminar o mundo.

Tive a nítida impressão de que ele também sentiu alguma coisa por mim, assim que me viu.

O jantar transcorreu tranquilamente e bebemos duas garrafas de vinho.

Daniel, que era fraco para bebida, não esperou nem o cafezinho. Sentou-se no sofá e dormiu como um anjo.

Ernesto e eu fomos para a varanda e ficamos conversando quase até o amanhecer.

Desse dia em diante não paro de pensar nele e sei que ele também, porque ele me liga e, com aquela voz aveludada,

me pergunta quando é que vou jantar outra vez na casa dele ou na minha.

Não sei o que fazer. Não quero magoar o Rafael, mas é o pai dele que me causa um tesão que não estou conseguindo segurar.

O que você acha que devo fazer?

edina bravo
Enviado por edina bravo em 15/06/2020
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